"Nenhum cenário é descartado"?, - Jornal Fato
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"Nenhum cenário é descartado"?,


Presidente estadual do PMDB, o deputado federal Lelo Coimbra falou com exclusividade ao jornal Espírito Santo de Fato sobre a conjuntura política capixaba. Nesta entrevista, ele aborda os possíveis impactos do racha entre PT e PSB, em nível nacional, em função do ingresso do

governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), na disputa presidencial; o posicionamento do PMDB neste cenário e também o anúncio de candidatura do senador Magno Malta (PR).

 

O deputado Lelo Coimbra também informa sobre o esforço da bancada federal para reverter a crise vivida pelos municípios capixabas, principalmente na área da saúde. Confiram.

FATO: São muitos os problemas enfrentados pelos municípios capixabas neste ano e o agravante maior está na área da saúde. O que a bancada federal tem feito para reverter este quadro?

LELO: Existe essa preocupação, uma vez que a questão da saúde não é um problema novo, ele surge de formas novas. E essa questão está relacionada a dinheiro e também à insegurança dos profissionais. Na Serra, por exemplo, o risco profissional em alguns bairros é grande. Em um pronto-socorro, a única pediatra pretendia ir embora, após cumprir a sua carga horária, e as pessoas não a deixaram sair. A médica teve que ligar para o marido buscá-la.

O governador Renato Casagrande (PSB) lançou pacote para ajudar no custeio em cada município, com retroatividade para janeiro. Buscamos junto ao Ministério da Saúde fazer um pacote para o Estado ou diretamente para os municípios. A saúde está se tornando algo onde os acessos estão ficando cada vez mais difíceis, isso pela oferta que já não era da forma como as pessoas precisavam e que se agravou, principalmente, neste momento.

 

Já tem agenda marcada com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha?

O ministro já esteve aqui duas vezes.  A bancada vai pedir encontro com ele para discutir a questão da saúde nos municípios. No Espírito Santo, a situação foi agravada pela queda do Fundap: em fevereiro, tivemos redução nas receitas; em março, a queda foi maior. Tem município que perdeu quase R$ 1 milhão. A margem de manobra é muito baixa e tem de vir dinheiro novo, específico para cuidar do atendimento das pessoas.

 

Na condição de presidente do PMDB, qual é a relação hoje do partido com o governo de Renato Casagrande (PSB)?

A relação é cordial. Ajudamos a eleger Casagrande. O então vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB) deu apoio importante; ele era pré-candidato ao governo e a sua compreensão naquele momento (o peemedebista retirou a candidatura) resultou na eleição de Renato. Participamos do governo e temos relação de compartilhamento, no sentido de fazer que as coisas deem certo. O Estado não pode perder energia; por ser pequeno, temos que cuidar da relação com o governo federal. Por aqui, a relação é positiva. Temos seis deputados estaduais, três federais e um senador, além de secretários estaduais. Por isso, a nossa responsabilidade é muito grande.

Temos conversado com o governador e o PSB, e também com o PT, PDT, DEM, entre outros, para estarmos organizados para o processo eleitoral de 2014.

 

Com uma possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), à Presidência da República, existe a possibilidade de o PMDB lançar candidatura própria no Estado e rachar esta parceria com o governador Casagrande?

A candidatura de Eduardo Campos traz dois problemas: um para o governador, que é de seu partido; e um para o PT, já que a candidatura rompe a aliança nacional que o PT deseja ter no fortalecimento da reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no Estado. Vamos passar por algumas turbulências, pois a candidatura de Eduardo Campos se consolida. O último programa (em rede nacional) demonstra claramente, porque tem coisas que quando você faz já está no passo seguinte. O PSB está empolgado com a candidatura.

O PMDB vai conversar com todo mundo. Há duas preocupações: Primeiro, é que este ano não é fácil, vai requerer esforço do Estado e municípios; às vezes, ficam preocupados com 2014 enquanto 2013 está sufocando. Este ano é o carro-chefe. Segundo: como conseguimos fazer o processo eleitoral com base nos interesses do Espírito Santo? Quando começamos a caminhada em 2003, reordenamos o Estado, na liderança de Paulo Hartung (PMDB), eu fui o primeiro vice-governador e Ricardo, o segundo. Temos oito anos de organização do Estado que permitiu ao Renato ter o desempenho obtido até agora. Tudo que fizermos deve ter como base este modelo que foi consolidado para que não quebre a confiança que há nele.

Percebemos que podemos ter duas ou três candidaturas no Estado. Isso está se desenhando...

 

... quais seriam os personagens?

Tem a candidatura à reeleição de Casagrande; a do senador Magno Malta (PR), que afirma o tempo todo, em definitivo, que é candidato de fato. E nesse bolo, fruto dessa movimentação envolvendo o quadro nacional, você pode ter uma terceira articulação, que ainda não está dada, mas, o ambiente acaba gerando inquietações nesta direção.

 

Esta terceira via pode ser o PMDB?

Ã? uma conversa muito incipiente. No dia de hoje, as relações de candidatura estão em torno da conversa com o governador Renato. Temos o nome do senador Ricardo Ferraço, que está fazendo um bom mandato; o do ex-governador Paulo Hartung, que já foi testado e tem carimbo de aprovado, ou seja, quadro não nos falta. Mas, o que nos trouxe até aqui foi a responsabilidade com o Estado. Mesmo com quadros, temos que refletir qual é o melhor cenário para o Espírito Santo; nenhum cenário é descartado, só que a articulação com o governo é a que está presente.

 

Qual a sua avaliação do anúncio de candidatura ao governo do Estado do senador Magno?

Ele aproveitou esta antecipação geral do processo político, e, do ponto de vista dele, apresenta-se no momento correto. Magno tem mandato de oito anos, a próxima eleição é em 2018, ele está em área de conforto e deseja colocar, legitimamente, o nome para debate. Malta tem discurso e capacidade de enfrentar uma campanha.

 

Em sua opinião, o senador estaria mais próximo de ser o palanque da presidente Dilma no Estado?

O discurso que Magno tem feito é de repercutir a candidatura da Dilma no Estado. Esta é uma discussão que teremos que fazer muito intensamente. Vamos acompanhar aqueles que estão se colocando para ver como fortalecemos posições ou, além disso, alternativas. Porém, desde que vinculado ao movimento de restauro da política, da economia, e dos padrões de gestão e valores que construímos.

 

Leandro Moreira

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