Presos costuram suas próprias roupas - Jornal Fato
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Presos costuram suas próprias roupas


 

O governador Paulo Hartung visitou na manhã de sexta-feira (22) uma das fábricas de roupas instaladas no complexo penitenciário do Espírito Santo. No projeto Costurando o Futuro, os presos fabricam todo o vestuário utilizado pela população carcerária do Estado, estimada em 19,3 mil pessoas. De acordo com a Secretaria de Justiça (Sejus), a iniciativa onde os internos produzem suas próprias roupas, tanto ensina uma profissão para os apenados, quanto gera uma economia anual de R$ 6 milhões.

 

Atualmente os presos também produzem as camisetas da campanha da Secretaria de Turismo do Governo do Estado intitulada #amorS2es, que tem como objetivo divulgar as belezas do Estado. "Até eu aprendi a pintar uma camisa com a marca da nossa campanha #amorS2es", contou o governador logo após acompanhar a produção da fábrica de roupas da Penitenciaria Estadual de Vila Velha I, no complexo do Xuri. "Aqui vemos os detentos aprendendo uma nova profissão, muitos também estão estudando", lembrou, destacando a necessidade de "estimular cada vez mais empresários capixabas a participar dos programas de ressocialização" de detentos.

 

Expansão

 

O Sistema Prisional do Espírito Santo já possui 3,5 mil internos estudando, outros 2,5 mil trabalhando e existe espaço para expandir esses números. O secretário de Estado da Justiça (Sejus), delegado Federal Walace Tarcísio Pontes, destaca que a construção das 26 novas unidades prisionais - feita entre 2006 e 2010 - atualizou a estrutura do Sistema Prisional do Estado. Sendo assim, os locais estariam prontos para receber empreendimentos públicos e privados que permitam que os apenados produzam e reduzam seu tempo de prisão enquanto cumprem suas penas. "Existe aqui capacidade para instalação de indústrias. Temos um ambiente preparado para receber investimentos industriais e de capacitação", frisou.

 

De acordo com a Lei de Execução Penal, cada três dias trabalhados pelos internos correspondem a um dia abatido de suas penas. As fábricas de roupas funcionam em quatro unidades prisionais do Estado e empregam 74 apenados, todos recebem um salário mínimo enquanto aprendem uma nova profissão.

 

"Pela qualificação que estou recebendo, hoje posso dizer que eu estou me reeducando e aprendendo uma profissão para me encaixar no mercado de trabalho", resumiu o interno Andersom Silva de Oliveira, de 28 anos. O também interno Cristiano Iglesias, 37 anos, avalia que o programa lhe trouxe novas perspectivas. "Cheguei sem qualificação. Terminei o ensino médio aqui e pude fazer a qualificação de corte e costura. Sinto-me realizado e com uma visão de um futuro melhor", contou.

 

Interiorização

 

Além de iniciativas que levam o trabalho para dentro das unidades prisionais, o Governo do Estado tem encampado várias iniciativas que visam contribuir para o retorno do sentenciado a sociedade e, consequentemente, evitar a reincidência nos presídios e diminuir a quantidade de presos do sistema prisional. Hartung explicou que esses projetos, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça e Tribunal de Justiça do Espírito Santo, seguem o fluxo de começar na Região Metropolitana e seguir para o interior do Estado.

 

O programa Audiência de Custódia já funciona em Cachoeiro de Itapemirim (Região Sul), o governador falou da previsão de expansão da iniciativa que agiliza as audiências dos recém-detidos com juízes que avaliam a real necessidade de suas prisões. Segundo o governador, o mesmo se aplica a iniciativa do Escritório Social, lançado esta semana em Vitória para auxiliar a ressocialização dos egressos que acabaram de ganhar liberdade. "É o primeiro escritório dentro do programa Cidadania dos Presídios. Vamos aprender e ir em frente. Implantado em Vitória, vamos expandir para o interior", confirmou. 

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