Crucifica-o - Jornal Fato
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Crucifica-o


A imagem do Cristo crucificado e ressurreto sempre ocupou lugar de destaque na minha vida. Cresci com a convicção de que Jesus Cristo é real e morreu em meu lugar.

 

Mesmo diante dos argumentos de alguns amigos muito queridos, que sempre merecerão o meu respeito, de que a história de Jesus Cisto foi inventada para se sobrepor à imagem do deus dos deuses Zeus, da mitologia grega, mantenho a minha fé. É ela que me sustenta e faz seguir em frente.

 

O desencanto ao perceber que existem líderes espirituais mercenários, exploradores da fé e de caráter mais que duvidoso não me afasta do Deus que acredito vivo e eficaz. É a bíblia se cumprindo.

 

Mateus, Capítulo 24:10-12 diz : "Nessa época, muitos ficarão escandalizados, trairão uns aos outros e se odiarão mutuamente. Então, numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. E, por causa da multiplicação da maldade, o amor de muitos esfriará".

 

Cito o Mestre dos Mestres para lembrar que ele foi torturado até a morte. Com requintes de crueldade. Sob os olhos da multidão que se aglomerou para decidir entre um criminoso assassino e ladrão e um homem cujo único crime foi contrariar o poder político da época pela prática do amor.

 

Restrita inicialmente aos escravos, a crucificação pretendia provocar no crucificado vergonha e dor. Além de horror nas pessoas que a presenciavam. E os soldados que comandavam a tortura até a morte pareciam ter grande prazer nessa tarefa.

 

E cito  a tortura de Jesus Cristo, o símbolo do Cristianismo, que prega o amor pelo próximo, para repudiar veementemente um homem que se diz representante dos cristãos e homenageia um torturador durante a votação do impeachment da ainda Presidente Dilma.

 

Homenagear um coronel que torturou e ajudou a matar centenas de pessoas durante a ditadura militar é apoiar pais que espancam crianças até a morte, é aplaudir os assassinos da classe média alta de Brasília que queimaram vivo o índio pataxó Galdino e não receberam a punição merecida. 

 

Mais que isso, é dar cobertura aos que cometem feminicídio em todo o país, é reverenciar os que maltratam idosos e animais, chacinam adolescentes e estupram mulheres. É homenagear Hitler, que dizimou milhões de judeus.

 

Os alemães pediram desculpas ao mundo. Mas na Câmara Federal, um deputado representante do Partido Social Cristão aplaude a tortura e morte de centenas de pessoas no país. Com expressão de êxtase e grande prazer. Faltou a saudação nazista.

 

Apoiar esse nefasto deputado  em qualquer sentido é estar no meio da multidão, fazendo a pior escolha, desconsiderando o sacrifício que Jesus Cristo fez por todos nós. É sermos indiferentes ao massacre de pobres, negros, prostitutas e gays. 

 

É  pisotear o segundo mandamento bíblico, que recomenda amarmos ao próximo como a nós mesmos. Crucifica-o. Mas jamais terá o meu apoio. Ditadura nunca mais.


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