Evento conscientiza sobre autismo
Mães relatam dificuldades para tratar os filhos e lidar com o julgamento das pessoas sobre seu comportamento: falta conhecimento
A manhã desta terça-feira (2) reservou boa oportunidade para esclarecer dúvidas sobre autismo, em Cachoeiro. Na Praça Jerônimo Monteiro ocorreu evento de conscientização sobre o tema. O distúrbio atinge, segundo especialistas, uma em cada 68 crianças e quanto mais cedo for diagnosticado, melhor para a intervenção precoce. O evento marcou o Dia Mundial de Conscientização.
A coordenadora do curso de psicologia da São Camilo, Adriana Mastela, diz que a ação é importante para que a população conheça sobre o assunto que é tão comentado, mas ao mesmo tempo tão desconhecido.
"Os três sintomas principais no diagnóstico do autismo são: dificuldade na interação social por parte dessa criança, dificuldade na comunicação e nas alterações comportamentais. Os autistas têm alterações comportamentais particulares e obviamente isso vai variar de pessoa para pessoa, cada indivíduo vivencia esses sintomas de forma mais intensa ou não", explica.
De acordo com a coordenadora, dez estagiários que são formandos em psicologia participaram do evento para tirar as dúvidas mais frequentes das pessoas sobre o autismo.
A secretária da Associação de Pais de Autistas de Cachoeiro e do Sul do Espírito Santo (Apaches), Geizir Aquino, tem filha de 10 anos autista. Explica como é importante a participação e a conscientização sobre esse transtorno.
"A maior dificuldade que enfrento com minha filha hoje é na socialização e também a falta de tratamento totalmente especializado para autistas em Cachoeiro. Esse evento e a recreação ajudam as crianças a socializarem, porque todos ali são iguais, então não tem nenhum olhar de discriminação, vão se sentir mais à vontade", afirma.
"Cada dia uma novidade"
Nilza Manhães, mãe da jovem Patrícia Manhães, portadora de autismo, conta que é a primeira vez que ela participa do evento e que está sempre em busca de mais informações sobre o assunto para lidar cada vez melhor com a filha.
"Às vezes a gente pensa que sabe lidar com eles, mas cada dia é uma novidade. Temos que viver um dia de cada vez, sempre aprendendo a melhor forma de lidar com eles", afirma.
A mãe admite que é não é fácil lidar com um filho autista em Cachoeiro, pois, segundo ela, é difícil conseguir tratamento para autismo no sistema único de saúde (SUS) e muitas pessoas que não entendem sobre o transtorno, julgam.
"Quando as crianças estão agitadas demais as pessoas ficam olhando, não entendem, ficam reparando porque não têm conhecimento sobre o autismo, então é difícil andar com um autista em Cachoeiro", explica.
Dalva Maria Dias também tem uma filha autista e pela primeira vez participa do evento.
"Acredito que essa ação possa melhorar a autoestima dela, principalmente porque ela vai conviver com outras pessoas autistas também", diz.
Recreação
O evento serviu também para cadastrar as famílias que desejam se associar ao grupo. Após se reunir na Praça Jerônimo Monteiro, o grupo caminhou em direção à Praça de Fátima, onde as crianças foram recepcionadas com brincadeiras, algodão doce, picolé, pipoca, caminhada e atividade funcional. No domingo (7), haverá caminhada saindo também da praça Jerônimo Monteiro, às 8h00.
O evento é realizado pela prefeitura em parceria com a Associação de Pais de Autistas de Cachoeiro e do Sul do Espírito Santo (Apaches), o Centro Universitário São Camilo e a Primeira Igreja Batista de Cachoeiro (PIB).