Modelo de negócio que volta a ganhar força, vivendo bom momento no país, é o de supermercados de bairro, tecnicamente conhecido como comércio de vizinhança. Comodidade, praticidade e proximidade estão entre os principais atrativos listados pelos clientes.   

Um dos maiores e mais tradicionais do segmento em Cachoeiro de Itapemirim é o Supermercado Folha Verde, referência em bom atendimento para a comunidade do bairro Aquidaban.  

O casal Sérgio Araujo dos Santos e Ivania Quinelato Rodrigues começou o negócio há 28 anos, no mesmo local onde ainda funciona (Avenida Bolivar de Abreu, 164), vendendo apenas hortifrutigranjeiros - daí o nome do estabelecimento .

No início, no pequeno hortifruti, eles tentaram inclusive comercializar alimentos que cultivavam na própria horta, em terreno ao lado da agora imponente estrutura, que depois foi transformado em depósito.

Das inúmeras crises econômicas atravessadas, uma foi fundamental para, por incrível que pareça, servir de pontapé para a ampliação do empreendimento - o começo da transformação do mercadinho em realmente um supermercado, no início dos anos 90.  

"Estava uma crise danada na época da mudança do cruzeiro para o real. Aí, começamos a introduzir outros produtos, primeiramente itens de limpeza (sabão, detergente, água sanitária). E, assim, fomos ampliando aos poucos", conta Sérgio.

O pequeno comércio, no qual apenas ele e a esposa trabalhavam, hoje gera 45 empregos diretos e conta com mix de produtos de aproximadamente oito mil itens na ampla loja climatizada na Avenida Bolivar de Abreu.

 

Família

A gestão familiar continua: além das duas filhas do casal - Marina Rodrigues Araujo e Bruna Rodrigues Araujo -, trabalham também no supermercado sobrinhos e outros parentes. "As meninas atuam na parte administrativa e os demais, na parte funcional", explica Sérgio.

Desde pequenas, as filhas, ambas formadas em Direito, participam do dia a dia do Folha Verde. Independente da função, todos trabalham com o mesmo objetivo: manter a identificação do público da região com o supermercado. 

Tanto os proprietários quanto os funcionários conhecem os clientes pessoalmente. Procuram saber os produtos, marcas e serviços que não podem deixar faltar.

Eis o principal diferencial da empresa, atendimento personalizado. A administração está totalmente aberta a críticas e sugestões de clientes, garante Marina. "Gostamos dessa coisa de bairro, trabalhamos em família e nossos clientes são como família para a gente", frisa ela, que tem a mesma idade do empreendimento. "Crescemos juntos".

Sérgio, por exemplo, diz fazer questão de lidar pessoalmente com os fregueses. "Sendo o mais objetivo e correto possível, é uma forma de manter a confiança. Tem muitos clientes que acompanham a gente desde o início. Já vi crianças nascerem, crescerem e terem crianças", se orgulha o proprietário.  

 

Pioneiro

O pai de Sérgio foi um dos fundadores do Aquidaban. Trata-se do saudoso comerciante Oswaldo Araujo, conhecido como Vadinho. 

"Todo o meu conhecimento devo ao meu pai", afirma. Vadinho veio morar na década de 1960 no bairro originado da fazenda homônima, de propriedade da família Machado, e abriu uma estância de lenha.

"Meu avô era uma pessoa muito querida aqui no Aquidaban. O bom nome dele ajudou a atrair clientes para o meu pai, todo mundo sabia que ele era filho de Vadinho...", relata a primogênita Marina. 

 

Otimismo

Sérgio, apesar das notícias pouco animadoras quanto à economia nacional, mantém o otimismo. O empresário acredita que a tendência é de que o ramo que atua mantenha o crescimento. "A alimentação é a base de tudo", justifica.  

"No nosso ramo, o que acontece é que os fregueses, em tempos de dinheiro curto, mudam a preferência, trocam marca, buscam mais promoções...", observa Marina.

A estratégia, segundo eles, é buscar a moderação na margem de lucro, para manter preço justo e conservar a clientela fiel.

 

Investimento

Ampliação do setor de hortifruti, reforma completa do açougue e modernização no layout da loja estão entre as últimas melhorias empreendidas pelo Folha Verde.

Os gestores do supermercado, cientes da importância dos avanços tecnológicos e da sustentabilidade para uma tática de sucesso, investiram recentemente em sistema de energia solar. Para o início de 2020, a expectativa é de que 35% do consumo total do Folha Verde seja provido pela fonte renovável.

O que, de acordo com Marina Araujo, vai representar uma economia de R$ 12 mil por mês.

Agora a família se prepara para aquilo que o patriarca Sérgio considera a maior empreitada de sua carreira.

Nos próximos três anos, a intenção é fazer com que o supermercado disponha de estacionamento para mais, pelo menos, cem veículos.

Para isso, o empresário já adquiriu terreno nas imediações e está no processo de captação de recursos para a construção. "O grande desafio do comércio de vizinhança é estacionamento", analisa.  

Ciente de que, para quem trabalha com empenho, dedicação e apoio dos familiares, tudo é possível, Sérgio Araujo conclui com sua visão positiva do futuro. "Esperamos que o país se encontre melhor, que as famílias possam realmente ter a felicidade criar os filhos com educação e que eles aprendam a respeitar as pessoas. Devemos procurar melhorar a cada dia, para que todo mundo tenha uma vida mais digna".