Um velhinho, de barba branca, que se veste de vermelho e numa única noite passa por todas as casas do mundo distribuindo presentes para crianças que se comportaram bem durante o ano inteiro. Não há quem desconheça a figura do Papai Noel e nem como dissociá-la do Natal.

O bom velhinho, que pode ser visto nos principais centros comerciais, como se fosse onipresente, encanta crianças, mas gera dúvida em alguns adultos, sobre a maneira de lidar com o mito na relação com os filhos. Preservar ou não? Os especialistas dizem que sim.

De acordo com a psicóloga Maria Angélica Napolitano, especialista em Psicologia Infantil A figura do Papai Noel representa a esperança e a generosidade da doação e do amor ao próximo, o que é bastante positiva.

"Para algumas crianças, ele pode representar a mágica, do reconhecimento e da estima, do real, do irreal, do mundo da fantasia e da realidade podendo favorecer o desenvolvimento, e a capacidade de criar e de pensar, além de ajudá-las a compreender melhor a realidade e o contexto em que vivem, favorecendo o estabelecimento de valores como: solidariedade, doação, partilha, confraternização, reconhecimento e aceitação, associados às histórias de Natal, colorindo e marcando o imaginário infantil".

Ela explica que ara a maioria dos estudiosos, os pais devem sempre incentivar a fantasia da criança e aguardar que ela própria mostre curiosidade e interesse a respeito do assunto, e que não devem mentir caso sejam questionados sobre a questão, mas explicar a lenda, que é inspirada numa história real.

"Assim, não existe uma melhor hora para a revelação - o questionamento deve vir de forma natural e partir da criança, pois adiantar algo que ela não tenha curiosidade pode queimar uma etapa de desenvolvimento e acabar com o encantamento, gerando frustração".

Em outras palavras, é preciso aguardar o avanço do pensamento para que a criança comece a analisar objetivamente os fatos da realidade. "O importante é permitir viver e experimentar todos os encantamentos de uma data tão especial", recomenda.

A psicóloga Aline Cadurini, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Multivix avalia da mesma maneira. Ela lembra que a história/mito do Papai Noel remonta a tradições cristãs e europeia e que foi inspirada em São Nicolau, um bispo católico que ficou conhecido em todo o Oriente por sua bondade. "Trata-se de uma tradição que transcende por gerações e sem mantém viva especialmente durante a infância", contextualiza.

Para ela, a fantasia durante a infância consiste em ferramenta fundamental para o desenvolvimento da sua capacidade cognitiva, tendo em vista que nos primeiros anos da infância a criança ainda não consegue estabelecer uma distinção entre o real e o imaginário. "Com o avanço em seu desenvolvimento, a própria criança vai tomando consciência da verdadeira história do Papai Noel. Em suma, cada criança terá o seu momento de analisar e chegar ao seu entendimento sobre o mito do bom velhinho".

Psicóloga e professora universitária, Giovanna Carrozino Werneck reforça a importância das lendas para o desenvolvimento infantil. "Para mim, considerando a questão do imaginário infantil, é algo a ser preservado. Assim como a Fada do Dente, o Bicho Papão, o Coelhinho da Páscoa", reflete.

Deixar a criança acreditar no fantástico, segundo ela, não é mentir, "pois envolve a questão do simbólico na construção do imaginário infantil".