?Esta honraria coroa o ápice de minha carreira? - Jornal Fato
Entrevista

?Esta honraria coroa o ápice de minha carreira?


 

por Ailton Weller

 

O médico Gedião Cesar Seraphim  foi o escolhido para Cachoeirense Presente nº 1 da Festa da cidade neste ano.  O gastroenterologista recebeu votação unânime da Câmara Municipal, que aprovou projeto apresentado pela Mesa Diretora. 

 

Dr. Gedião, que nasceu no dia 23/07/1950. Foi aluno do Bernardino Monteiro e do Liceu Muniz Freire. Estudou medicina na Ufes, tendo se formado em 1975. Nos três anos seguintes fez Residência Médica no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, é diretor responsável pela Policlínica Cachoeiro.

 

 Casado com a médica Stelida Coser Seraphim, tem duas filhas e uma neta. Já tendo morado nos Estados Unidos, em 1968 e 1969, e no interior de Goiás e Mato Grosso, de 1978 a 1991, há muito fez sua escolha definitiva por Cachoeiro. "Portanto, sou cachoeirense por nascimento e opção convicta", afirma.

 

Em entrevista exclusiva ao ES de FATO, o médico falou sobre sua indicação a honraria, destacou fatos do passado e analisou aspectos de sua cidade natal. Confira.

 

FATO - Como o senhor recebeu a sua escolha por unanimidade pela Câmara de Vereadores?

 

Gedião Cesar Seraphim  - Recebi minha indicação com grata surpresa e não posso deixar de dizer com certa vaidade, pois o trabalho de um médico não pode, diferentemente de um arquiteto, engenheiro ou advogado, ser medido em resultados palpáveis ou numéricos.

 

A maior meta de um médico deveria sempre ser o reconhecimento do seu desvelo em favor das pessoas que o procuram com doenças às vezes física, às vezes da alma, sendo que estas últimas não se curam com remédios, mas com carinho e atenção.

 

Qual o significado dessa honraria que destaca personalidades por sua atuação profissional e dedicação a sua terra natal? 

 

Esta honraria coroa o ápice de uma carreira. Como disse antes, esta homenagem me faz acreditar que sou uma pessoa querida e relevante para minha cidade, onde nasci e para onde voltei depois de muitos anos morando fora, para ficar de vez.

 

Como o senhor avalia a escolha do engenheiro civil José Eduardo Moreira para Cachoeirense Ausente nº 1? Vocês são amigos de longa data?

 

Além de tudo, fiquei muito feliz com a escolha do Dr. José Eduardo, por termos um passado comum, sermos quase vizinhos e apesar dele ser um pouco mais velho, termos estudado inglês juntos com a famosa professora Miss Neise. Ultimamente temos conversado muito sobre cultivo de eucalipto

 

O estilo bairrista do cachoeirense é sempre motivo de observação dos não nativos da cidade. Esse "jeito de ser" é mesmo peculiar em nossa gente? Como o senhor avalia?

 

Não sou eu quem avalia. Como estudante de medicina em Vitória, na UFES, a gente sentia que as pessoas tinham muita inveja do nosso bairrismo das "coisas que só acontecem em Cachoeiro". Aliás, eu diria que nossa cidade, como pouquíssimas outras do mesmo porte, tem tamanha identidade cultural própria.

 

Quais as suas principais lembranças do Liceu Muniz Freire, que está completando 80 anos? 

 

Era um sonho estudar no Liceu. Um privilégio mesmo, tanto que havia uma prova de admissão e professores que preparavam alunos para o concurso, nos moldes dos atuais "cursinhos" pré-vestibular. No Liceu, me preparei para a vida e forjei amizades que perduram até hoje. As lembranças são incontáveis, as viagens com a Banda do mestre Taveira, as aulas de Física do professor Joacir Santos, de Biologia com o saudoso Jurinha, mas nada comparável ao ano de 67, primeiro cientifico, quando a turma de marmanjos recebeu um grupo de beldades vindas do Cristo Rei, onde não havia este curso e muito menos turmas mistas. Sei que elas ficaram encantadas e nós muito eufóricos.

 

Mudando de assunto, como o senhor está acompanhando o esvaziamento econômico de Cachoeiro de Itapemirim? O que fazer para reverter esse processo que está fechando as portas de muitos estabelecimentos comerciais? 

 

A história tem seus ciclos, os impérios nasceram e morreram desde o começo da humanidade. Acho que Cachoeiro teve seu apogeu no primeiro meado do século XX e com o centro das atenções voltado para a capital e o norte do estado, que conseguiu se inserir na região de incentivos fiscais, nossa cidade perdeu sua pujança econômica.

 

Lembro também, que o binômio leite e café que era o sustentáculo das atividades rurais, são itens que remuneram muito mal seus produtores. Por isto, felizmente temos o setor de rochas que espero conseguir, cada vez mais, agregar mão de obra local aos seus produtos.

 

A cidade ainda pode ser considerada um polo cultural do sul do estado ou, com o tempo, os investimentos nos vários estilos artísticos e históricos foram ficando escassos? 

 

Sem dúvida, Cachoeiro é e sempre será o polo do Sul do Estado. Aqui estão as Superintendências Regionais de toda máquina administrativa dos governos Federal e Estadual. O comércio e a prestação de serviços estão aqui. Sobre a cultura, infelizmente ela piorou em todo país, mas sentimos mais na nossa carne, pois vivemos o dia-a-dia da cidade.

 

Apesar disto, acho que iremos sempre contribuir com nosso pais, produzindo cérebros brilhantes que vão para outras praças, mas sempre retornarão para rever os conterrâneos que aqui ficaram, nem que seja na festa de São Pedro.

 

Como o 'Presente nº 1', qual sua mensagem aos cachoeirenses?

 

Aos nossos cidadãos agradeço o respeito, carinho e acolhida que tive ao retornar. Fui muito bem recebido pelos colegas médicos, que facilitaram muito meu recomeço profissional aos 41 anos de idade.

 

Gostaria de lembrar que vivemos momentos difíceis no nosso Brasil, no campo político e econômico. O futuro prefeito, quem quer que seja, terá que apresentar um programa de governo austero e enxuto e temos que nos preparar para um período de pouquíssimo investimento público em todos os setores, mas como vivenciei inúmeras crises ao longo da minha vida, sei que o Brasil sairá desta também.

 

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