Cachoeiro Stone Fair expõe crescimento de mercado - Jornal Fato
Economia

Cachoeiro Stone Fair expõe crescimento de mercado

35ª edição de evento que movimenta economia local acontece no momento em que ES fecha 1º semestre com incremento de 8% nas exportações de rochas e com mercado interno já respondendo por 53% do faturamento das empresas


- Ronaldo Santos

O Espírito Santo é o maior exportador e principal produtor de rochas ornamentais do Brasil. A importância econômica do setor de pedras naturais para o Estado, como não poderia ser diferente, é sempre exaltada com a realização da Cachoeiro Stone Fair. Ainda mais agora, após a transferência da Vitória Stone Fair para São Paulo a partir de 2025.  

Configura mais de 82% das exportações brasileiras desse segmento, segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Eduardo Dalla.

A 35ª edição do evento que movimenta a economia local, realizada na cidade que polariza a região considerada a "Capital Mundial do Mármore e Granito" - aberta ontem (27) e que vai até sexta-feira (30), no parque de exposições do município -, acontece no momento em que o Espírito Santo fecha o primeiro semestre com o registro de incremento de 8% no comércio exterior de pedras naturais.

O que representa aproximadamente 50 milhões de dólares (quase R$ 280 milhões), de acordo com o presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), Tales Pena Machado.

 

 

Apenas em Cachoeiro de Itapemirim, há em atividade mais de 600 empresas do setor, empregando cerca de seis mil funcionários, aponta o prefeito Victor Coelho.

Embora as exportações tenham voltado a crescer, o mercado interno já responde por 53% do faturamento das empresas capixabas. E uma pesquisa exclusiva da Futura de 2023 mostrou que 75% dos empresários estão otimistas com as perspectivas para as vendas dentro do território nacional.

Falando em Brasil, hoje, a maior demanda do mercado interno é por produtos acabados. Estima-se que o país conte com mais de 1,2 mil variedades de pedras naturais e 10 mil empresas do setor.

  

 

Dados apontam que o mercado nacional absorve grande fatia das rochas ornamentais brasileiras, cerca de 2/3 da produção interna. E é responsável por um faturamento aproximadamente duas vezes maior que o registrado nas exportações.

Nesta edição, a Cachoeiro Stone Fair traz como tema "Há 35 anos à frente". Reforçando a sua relevância como um dos maiores eventos da área, a feira conta com cerca de 200 marcas expositoras, mostrando a potencialidade de toda a cadeia produtiva, desde a extração até o beneficiamento, a compradores qualificados de mais de 600 cidades brasileiras e de 28 países, destaca Flávia Milaneze, CEO da Milanez & Milaneze, empresa organizadora.

 

 

"A feira é um momento fantástico para todo mundo, são quatro dias por ano, a cidade já está cheia. Estes quatro dias são dias fantásticos para o setor, a oportunidade que você tem de mostrar materiais novos, ver equipamentos novos. É a primeira vez que vejo a feira tão lotada no primeiro dia, que é institucional", observa Tales Machado, demonstrando entusiasmo.  

 

Gargalo

Mas nem tudo é para ser comemorado. O presidente do Centrorochas lembra que há atualmente 1,9 mil contêineres represados no Estado com materiais prontos para ser exportados. O motivo são os gargalos no sistema portuário capixaba.

Tales Machado cita a questão recente do "super volume" de importação de carros chineses elétricos, que prejudicou principalmente os setores de rochas e cafeeiro, que dependem exclusivamente de contêineres.

 

 

"No meio do ano já tivemos cinco omissões, navios que passaram, iam embarcar tanto as rochas quanto o café, mas não atracaram por conta da morosidade do porto. Os navios passaram direto", relata.  

O problema maior, segundo Machado, é que o prazo para os recursos investidos pelos empresários para cobrir os custos (a margem de lucro é de 5% a 10%) voltar vai ser de 60, 90 dias a mais do que o normal.

"Todo mundo comprou bloco, serrou, arcou com transporte e tudo e agora não está conseguindo despachar as mercadorias. Nossa grande preocupação é que vai faltar dinheiro no caixa", alerta.  

Com a mobilização do empresariado, o governo ajudou e houve avanços para tentar normalizar a movimentação de contêineres com pedras naturais, contudo.

O presidente do Centrorochas, neste sentido, esclarece que o acordo para ampliação das áreas de armazenamento no terminal portuário de Vila Velha já saiu, mais um guindaste de contêineres volta a operar no mês de setembro e houve sucesso na negociação para um navio semanal extra.  

"Estivemos com o ministro Silvio Costa (dos Portos e Aeroportos) tratando do tema, para buscar novas áreas, novos navios, novos contêineres para fazer frente à demanda", declarou o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, durante a solenidade de abertura da 35ª edição da Cachoeiro Stone Fair.  

 

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