Trabalho do Vereador - Jornal Fato
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Trabalho do Vereador


 

Trabalho do Vereador

 

De há muito ficou para trás aquela observação, válida outrora, de que vereador trabalha apenas um dia por semana - o dia da reunião, no caso de Cachoeiro, às terças-feiras. Hoje isso não é mais verdade. Vereador trabalha tanto quanto qualquer trabalhador comum ou, mesmo, melhor capacitado tecnicamente - trabalha todos os dias. Não é só presença, simplesmente presença em sessão semanal, que lhe dá medida de melhor ou pior desempenho como vereador.

 

Quem ainda cair nessa esparrela, tenham certeza, está caindo em autoengano e está contribuindo para o mau uso de instrumento importante da democracia - a boa atuação no parlamento.

 

O que - hoje - dá a exata medida do bom exercício do mandato de vereador não é só a presença em sessão regular - isso é quase nada.  Muito mais, o que conta para a democracia e para a cidade é a qualidade dos votos do vereador e é a força de seus argumentos, argumentos que, normalmente, chegam bem antes do dia da sessão semanal, se para tanto se prepara o vereador. É verdade, se o vereador é mero carimbador maluco ou "esperto" para SEMPRE atender às determinações do Executivo, no caso sequer é vereador... é vendido.

 

Nos nossos dias, dias em que a cidade cresceu muito, e seus problemas e os problemas do município cresceram mais ainda, aumentou muito o trabalho do vereador sério. O antigo pensamento (bom enquanto durou) de que era só o vereador não faltar à reunião semanal, já seria ótimo, acabou.

 

Ou o vereador o é permanentemente e todos os dias, ou nem mesmo vereador é. Essa é mudança radical do meu antigo pensamento. Nos dias de hoje, não é só ser "bonzinho", só ser observador, só ajeitar coisas aqui e ali, para ser bom vereador. Exige-se muito mais, exige-se estudo, experiência, conhecimento, assessoria, sem contar o que se exigiu sempre - caráter e espírito de cidadania. E transparência, claro.

 

Essa foi uma mudança radical no meu pensamento, na circunstância, não na substância. Mudam-se os tempos, mudam-se os juízos.

 

(Este texto seria parte de manual de campanha eleitoral de minha candidatura a Vereador. Iria publicá-la juntamente com boa quantidade de textos sobre outras matérias públicas. O preço de confecção do manual me assustou. Não fiz lá, faço-o aqui).

 

Dois Irmãos da Cultura

 

 

Estava eu ali no Mourads, esperando a hora do cappuccino do Barbosa, quando me passa uma duplinha de meninos - esses aí da foto -, com uma dezena de revistas em quadrinhos da mais alta qualidade, como a foto mostra.

 

Maycon, de 11 anos, junto com seu irmão João Pedro, de 6 anos, são apaixonados por livros e por revistas em quadrinhos; são frequentadores assíduos da Banca da Teresa e se encantaram com a casinha de livros do LIVRES LIVROS, montada na Praça Jerônimo Monteiro, frente ao Bernardino Monteiro.

 

O motivo de eles estarem passando ali, naquela hora, era justamente me entregar as revistas em quadrinhos que guardavam diligentemente em casa, como coleção, para que elas fossem colocadas na casinha do LIVRES LIVROS, para que outras crianças pudessem lê-las, mesmo não tendo condições de comprá-las.

 

Mas eles fizeram muito mais, coisa que a maioria não faz: desapegaram, em favor de outros meninos, de suas revistas, ainda tão crianças, imbuídos do pensamento de que todos devemos crescer juntos e dividir nossas riquezas literárias - a Cultura é bem que só vale a pena e é justa se bem distribuída.

 

Devo dizer que apenas por acaso os fui conhecer em campanha eleitoral, lá na Banca da Teresa, num desses domingos e devo dizer: ainda que não ganhasse as eleições, como ganhei, só conhecê-los e vê-los tão animados em dividir suas riquezas, já seria muito mais que suficiente para me trazer alegrias para a vida inteira.

 

Tchekhov e a Arte de Escrever

 

Por motivos que explicarei no próprio livreto que vamos lançar provavelmente no mês de novembro, vem nele algumas reflexões sobre a arte de escrever, não a minha, naturalmente, mas principalmente a arte de escrever dos grandes escritores. Como e porque eles escrevem e qual é o segredo para o sucesso da escrita, da compreensão imediata dos leitores e das diferenças entre um bom escritor e aquele que se contenta em encher laudas e laudas de papel destinado ao lixo.

 

Como aperitivo que deverá estar, também, no livreto, aqui vão algumas reflexões do russo Anton Tchekhov, um dos maiores escritores mundiais, que retirei de seu livro "Um Bom Par de Sapatos e um Caderno de Anotações - como fazer uma reportagem". Ao fim, como escrever para ser bem entendido (Ed. Martins Fontes, 160 págs., R$ 45,00).

 

Ai vão ideias para escrever bem, claro, tudo com certo molho de talento.

 

"Viajar para vencer a preguiça, sem a expectativa de ter de escrever." /// "Não é necessário prestar contas à crítica; seguir a própria consciência." /// "Estudar coisa que ninguém estuda; ir ver pessoalmente injustiças que ninguém vê." /// "Não economizar nas botas". /// "Ter sempre uma caderneta onde anotar dados, observações, modos de dizer e onde transcrever declarações". /// "Estar preparado pare rever opiniões baseadas em leituras e expectativas". /// "Não se deixar vencer pelas dificuldades iniciais e pelo medo do imprevisto". /// Às vezes, deixar nas mãos do acaso pode revelar-se útil, principalmente se o lugar é desconhecido". /// "Visitar um lugar em hora apropriada para ver como normalmente funciona". /// "Dar ouvidos aos mexericos e investigar se procedem". /// "Prestar atenção no significado dos nomes de lugares e vias". /// "Observar os sinais do passado. Perguntar-se se o aspecto dos edifícios, a mobília das casas e as conversas das pessoas mantêm a lembrança do passado e de que modo". /// "Deduzir os costumes pelos vetos que os proíbem". /// "Não fazer entrevistas, mas conversar". /// "Conversar com as crianças e observar suas brincadeiras para compreender, entre outras coisas, o mundo dos adultos". /// "Expressar a própria opinião. Se algo não agrada, deve ser dito". /// "Escrever enquanto as impressões ainda estão vivas". /// "Ao se descrever um episódio do qual se tomou parte, descrever os sentimentos experimentados".

 


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