Superação - Jornal Fato
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Superação


A abertura dos Jogos Paralímpicos foi um espetáculo emocionante. Infelizmente os canais de TV aberta não a transmitiram, e perderam a oportunidade de mostrar ao Brasil e ao mundo a beleza e dignidade dos atletas deficientes. O show não superou a abertura das Olimpíadas, contudo a suplantou em emoção e encantamento.

 

O esporte é capaz de possibilitar a inclusão e aceitação de pessoas diferentes, porém lindas e felizes como os demais atletas, e com a vantagem de possuírem a força e determinação de quem supera a própria deficiência e partem para a luta. Para eles não há barreiras. No desfile de abertura havia muitas cadeiras de rodas, com ocupantes que em nenhum momento apresentavam feições cansadas ou tristes pelo esforço em movimenta-las. Reitero, o que vi foi gente linda e feliz, em sua maioria.

 

Fui assistindo o espetáculo e rememorando o quanto o preconceito está se diluindo com o passar dos anos. Lembrei-me de que famílias com filhos deficientes o mantinham escondidos e evitavam apresenta-los em público, e que os termos usados como aleijados, surdos, cegos, mongoloides - foram sendo suavizados em seus devidos contextos. Hoje não se aceita nem o termo portador de deficiência, afinal ninguém carrega o que inerente.

 

Durante o show senti-me profundamente sensibilizada pelo Hino Nacional tocado ao piano pelo maestro com atrofia nas mãos; pela bandeira olímpica sendo carregada por pais de crianças - talvez com paralisia cerebral e que não conseguem caminhar, com botas adaptadas para que os pés dos pais deem sustentação aos dos filhos e permitam que ambos caminhem juntos; pela dança da modelo de não possui as pernas e que com prótese deu show de leveza e beleza inimaginável; pela tocha sendo carregada por atletas com suas dificuldades e o tombo de uma delas ao qual foi permitido que se levantasse sozinha. Finalmente o último a levar a tocha foi um cadeirante que se viu diante de uma escada impossibilitando a sua chegada a pira olímpica, e a mesma foi aberta com a inserção de rampas de acesso permitindo-lhe atingir o objetivo. Que lindo exemplo do que é a acessibilidade! Felizmente vivemos novos tempos.

 


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