Sempre ao seu lado - Jornal Fato
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Sempre ao seu lado


 

Como  está sua irmã? Seu irmão casou? E sua mãe? Seu pai, vem quando? As palavras foram metralhadas em direção à minha amiga, que me olha um tanto quanto espantada, sem entender tamanho ímpeto investigativo.

 

Deteve-se por alguns minutos e respondeu às perguntas inusitadas em meio à correria de um dia agitado de trabalho. Mais que a resposta, o que me alertou em relação ao meu exagero foi a expressão, entre  interrogativa e assustada, da minha amiga.

 

Tive a consciência naquele momento que talvez tenha fugido do padrão, feito perguntas demais. Falado mais do que ouvido. Afinal, sempre fui boa ouvinte. Poderia ter parecido inconveniente, não me conhecesse a minha amiga muito bem.

 

Diante do espanto, concluí que só existe uma explicação para tantas perguntas disparadas por segundo:  o medo de perder o contato e os fatos da vida dessa amiga, quase irmã. Ou mais que irmã.

 

 A convivência diária no trabalho por muitos anos foi substituída por conversas via whatts app, in box no facebook, algumas vezes por telefone, e raramente pessoalmente. O que é uma pena. Penso imediatamente nas boas coisas que ficam para trás em função dos novos desafios.

 

Novos desafios em outras frentes de trabalho, em outro momento, em outro local. Bate uma insegurança, nostalgia mesmo. Diria que até uma certa melancolia. Principalmente por não saber tanto quanto deveria de tantos amigos queridos que ficaram para trás.

 

Respiro fundo, meio perdida em pensamentos, quando lembro que amigos de verdade nunca ficam para trás. Estão sempre por perto, ao alcance de um sussurro, mesmo que a distância física seja enorme.

 

Sussurro porque percebem as entrelinhas, enxergam o que ninguém mais vê e entendem o que não precisa ser dito. Para esses, as palavras são dispensáveis. Num tempo em que as aparências são mais valorizadas que a essência, isso é muita coisa.

 

Fortalecida a partir desse pensamento, faço as contas e vejo que tenho alguns amigos que valem ouro, que estarão "sempre ao meu lado"(lembrando aquele filme lindo com o Richard Gere), independente das circunstâncias.

 

A fidelidade não precisa ser canina, como no filme. Basta ser para sempre, mesmo contrariando os que defendem a tese de que "para sempre" é muito tempo. Não tenho um milhão de amigos. Tenho poucos, mas seletos companheiros de uma vida. Ser lembrado por eles é um presente.

 

A esses, faço um pedido. Quando forem fazer a relação dos mais queridos, comecem pela ordem alfabética. Vai que a tinta acaba, a mão cansa e o telefone toca, sou deixada para depois e fico fora da lista(sem segredo de justiça, por favor. Podem divulga-la à vontade). Ter o nome nessa relação, de preferência reconhecida em cartório, é show. Ordem alfabética sim, para garantir, que segurança emocional é tudo. 


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