Professores: heróis sem capa - Jornal Fato
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Professores: heróis sem capa


Chega ser irônico, se não fosse tão alarmante, os casos trágicos envolvendo crianças e adolescentes ultimamente em nosso país. As duas tragédias que comoveram o Brasil, apesar de terem o mesmo desfecho, são estruturadas por fatos diferentes. Enquanto de um lado temos um senhor, bem vivido, aparentemente um funcionário simpático, do outro temos um adolescente, sofredor, que se vingou dos possíveis agressores de forma cruel e explosiva. O que assusta é que as duas tragédias são contextualizadas dentro de escolas e tem como personagens antagônicos professoras que salvaram vidas por meio de suas atitudes.

 

Professores salvam vidas todos os dias, salvam da mediocridade, da ignorância, e da exclusão social. Salvam por meio de palavras, de diálogos, debates construtivos e intervenções. Palavras confortam os alunos, mas atitudes é que salvam. Voltando ao caso em Goiânia, será que os professores tomaram atitudes para sanar as práticas de bullying? Será que os outros colegas também não sabiam sobre as práticas sofridas pelo atirador? Será que o bullying foi usado como motivo de "desculpa", ou será que a escola e o corpo docente falharam em não agir? Às vezes, fingir não ver é a melhor saída, né? E os pais? Nunca perceberam as atitudes do filho? São muitas interrogações, que dificilmente terá um ponto final.

 

Digo e repito: professores são heróis diários, afinal estão expostos fisicamente e psicologicamente a todo tipo de explosão de sentimentos. Olha que ironia, no mês de comemoração do dia dos professores, os meios de comunicação explodem com tais notícias, até especialistas de todo tipo querem "meter o bedelho" nas práticas educacionais. No mês dos professores, Heley de Abreu Silva Batista foi exemplo de heroína, salvou a vida de seus alunos tentando conter o incêndio, mas não teve um destino feliz. Mais uma vez digo: professores estão expostos!

 

Não precisamos fazer um recorte histórico tão longe. Basta, lembrarmos do caso de "Massacre em Realengo", no Rio de Janeiro, no qual um ex-aluno provocou uma chacina em sua antiga escola. Com um crime bem arquitetado, Wellington Menezes de Oliveira adentrou a instituição escolar, disse que iria ministrar uma palestra e ministrou uma sequência de mortes. Num trecho da carta que o assassino deixou, o mesmo relatava "Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo, e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos". O mais intrigante que o rapaz se vingou anos após as práticas sofridas, nem sempre a reação do agredido é momentânea.

 

Não tenho objetivo de punir ninguém com esses apontamentos, muito menos, vitimizar os assassinos. Acho válido deixar as reflexões em aberto: de quem é a culpa nesses casos? Como o professor pode impedir uma tragédia? Bullying é motivo de vingança? Por que a prática crescente de bullying no meio escolar? Afinal, estamos seguros dentro das escolas? Precisamos falar sobre essa problemática.

 

Aproveito para honrar todos os professores, pois estes profissionais não precisam de super poderes para salvar vidas, eles salvam com amor, respeito e empatia. Quando você desperta o amor do seu aluno, barreiras já são quebradas e (talvez) dessa forma "vidas, podem ser salvas.


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