?Oh What a Circus? - Jornal Fato
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?Oh What a Circus?


Os compositores britânicos Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, autores de vários clássicos que foram transformados em grandes musicais, como as Óperas Rock Jesus Cristo Super Star e Evita. Em Evita, apresentam a história da governante Argentina Eva Perón.

 

Parte desse musical poderia ilustrar o momento que viveremos neste domingo com o grande espetáculo comandado pelo "Presidente" Michel Temer, digo presidente porque assim se auto-intitulou, na última segunda feira ao gravar e vazar seu "pronunciamento a Nação".

 

O espetáculo será dirigido por seu "futuro" vice presidente da República, deputado Eduardo Cunha e contará com edição, montagem, fotografia e transmissão da Rede Globo, que inclusive  transferiu para sábado à tarde os jogos que seriam realizados no domingo, para poder dar cobertura completa ao espetáculo comandado por seus Pupilos.

 

Caso seja aprovado o golpe contra a democracia, o que não acredito, pois as forças de direita e conservadoras comandadas pela FIESP e pelo consórcio midiático, não possuem mais força que os intelectuais, artistas, juristas, movimentos sociais, trabalhadores, estudantes, CNBB e diversas outras denominações religiosas comprometidas com a democracia no Brasil.

 

Brasília já se prepara para o clássico do século XXI, Democracia X Golpe, digo golpe porque a presidente da República é a única governante do país sobre a qual não pesa uma única denúncia de crime de responsabilidade, de receber propina ou de manter contas em paraísos fiscais, ao contrário da maioria dos defensores do golpe.

 

A batalha épica terá seu ápice em frente ao Congresso, onde já foi erguido um grande e frágil muro, que em tese, evitará o confronto direto entre os defensores do impeachment sem crime e os defensores da legalidade e do estado democrático de direito. Impossível prever um final feliz diante desse cenário de paixões e ódios exacerbados.

 

A questão principal é que qualquer que seja o resultado deixará um país dividido, o diálogo e a conciliação serão substituídos pelo confronto permanente entre perdedores e perdedores, pois, ao manter a temperatura em níveis tão elevados, poderemos incendiar o país.

 

Derrotar o golpe contra a democracia e reconstruir a unificação do país será uma tarefa Hercúlea e caberá aos brasileiros comprometidos com o desenvolvimento, a geração de emprego, a redistribuição de renda, o combate a inflação e a luta sem tréguas ao ódio e a intolerância como forma de pensamento e práticas cotidianas.

 

Caso contrário, as palavras dos poetas britânicos serão o epitáfio de um povo que trocou a democracia pelo triste legado descrito naquele musical em que a população chora a morte da grande líder Argentina, em nosso caso, o funeral de democracia:

 

"Ah, que circo, ah que show (...) Nós todos fomos a loucura/Pranteando o dia todo e a noite toda/Caindo sobre nós mesmos para ter todo o direito a miséria."

 


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