O amor ao próximo - Jornal Fato
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O amor ao próximo


E dois mil e dezessete anos depois que Jesus veio ao mundo me assusta que em um país onde o cristianismo avança e o número de igrejas se multiplica assustadoramente ainda seja o preconceito pauta de discussão. E aí dá uma preguiça imensa de viver em uma sociedade intolerante, desrespeitosa e hipócrita, onde a bíblia ou qualquer outro ensinamento religioso são interpretados de acordo com a conveniência de cada um. O amor ao próximo foi a maior lição deixada por Cristo, e se assim fosse seguido, nada mais seria preciso. Nem templos, nem guerras. Nenhuma discussão religiosa faz sentido. Basta que amemos uns aos outros, e o amor, por si só, se encarrega do que deve vir por acréscimo: respeito, tolerância, paciência, caridade.

 

Obviamente não dá para amar todo mundo, não no sentido maior da palavra. Mas aqui o amor é aceitação. Precisamos aceitar o outro em suas escolhas, condições e propósitos. Aceitar que as diferenças são apenas diferenças, e não provocações. Aceitar que a diversidade é só uma forma do mundo não ser um tédio, que a cor, a fé e o sexo do outro são do outro, e que a vida alheia não deveria ser assim tão interessante para você. Vai ver o sol nascer. Vai ler um livro. Vai beijar na boca. Vai olhar o celular. Vai fazer o que quiser, mas deixa o outro ser o outro em paz por favor e muito obrigada.

 

Também não sejamos nós atores principais e nem coadjuvantes de cenas de preconceito. A moça que na última semana surgiu falando da filha adotiva e negra de famosos queria mesmo aparecer. E conseguiu. De forma absurda e criminosa, mas eficiente, a capixaba que ganhou fama virtual só queria sair do anonimato. Quem era ela mesmo? Agora todos conhecem. Futucam seu passado, estudam seu presente e especulam seu futuro. O plano da mulher doentia de despontar foi concluído com sucesso. Mas quantos indignados virtuais teriam a mesma reação de combate na vida real? Quantos já reagiram ao preconceito sofrido por um ilustre desconhecido que mora ao lado, fora dos alvoroços da internet? Alguém levantou a mão aí?

 

Não é porque acenderam as luzes do natal ou porque tá na moda que precisamos ser bons uns com os outros. É porque é o certo. Tem um monte de gente por aí morrendo de fome, de frio, de sede ou pelas próprias mãos, que é o mesmo que morrer de desespero. Tem um monte de gente doente por falta de afeto, carinho e atenção. Várias guerras estão sendo travadas pela mais pura estupidez. A grande doença do mundo não é o artista que tira a roupa. É a ignorância que tira a vida.

 

 

 

 

 

 

 

 


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