Mudar é possível - Jornal Fato
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Mudar é possível


De vez em quando leio num carro a frase: Bebê a bordo. São alertas de pais preocupados com a fragilidade de seus rebentos. E penso, nunca li: Idoso a bordo.  Em termos comparativos, a fragilidade de quem apenas começa a viver é idêntica a de quem está no final dos seus dias. Então, vamos considerar a inversão dos valores que a cultura da nossa sociedade impõe.

 

Apresentar as nossas crianças nos orgulha, apresentar nossos idosos nos envergonha, por um motivo que está no inconsciente - a velhice é temida por todos e vamos convir que, para muitos é mais interessante esconder ou disfarçar que ela existe. Enquanto as culturas orientais valorizam e prestigiam os seus idosos, no ocidente o contrário é a realidade. Aqueles que ainda possuem energia lutam por seus direitos de não serem marginalizados, e os fragilizados se entregam e simplesmente desistem da vida.

 

Contudo a mudança de conduta em relação aos idosos é possível e depende de cada um de nós. A primeira delas é interna - aceitar que todos nascem e morrem, e que o decurso dessa história é natural em todas as suas etapas. E que a beleza existe em cada uma delas - exterior ou interior, pela história da vida que se viveu. E a partir daí, mudar nossas atitudes.

 

A segunda é sentir orgulho de nossos idosos e agradecidos pelo que representaram e ainda representam em nossas vidas. E demonstrar com palavras e ações o quanto eles nos são caros. Mantê-los ativos e inseridos na sociedade, ou pelos menos entre seus iguais é norma correta de conduta. A solidão destrói a auto estima e diminui a imunidade. Se o idoso está debilitado, tire-o da cama, coloque-o ao sol, permita que tenha contato com a vida e com a natureza, mesmo que numa varanda. Leve-o a mesa para se alimentar junto de todos, carregue-o de lá para cá. A mobilidade é importante e o contato físico é primordial.  E dê a ele a esperança e a certeza de que ainda é útil, através de ações em que sejam os protagonistas. Num encontro familiar ou festivo, sempre os coloquem em posição de destaque - eles precisam acreditar que ainda são capazes e importantes. E cabe a nós sermos os autores dessas mudanças, que são possíveis.

 

 

 

 

 


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