Meu protesto - Jornal Fato
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Meu protesto


Sou moradora da praia Central, em Marataízes. Resido aqui há mais de 30 anos e é um local que possui suas particularidades. A maioria dos moradores dessa região são antigos e os frequentadores da praia convivem fraternalmente. Durante todo os anos em que aqui passamos o verão, o ponto de encontro diário dos residentes do Centro e das adjacências foi a Banca de jornais do Adilson Torres.

 

A Banca era pequena, porém acolhedora. Oferecia todos os tipos de jornais diários, revistas e até alguns livros. Para a banca se dirigiam moradores de toda Marataízes e muitas vezes ficavam batendo papo enquanto esperavam a chegada de algum jornal ou revista de preferência. Era muito agradável a convivência fraterna em torno da Banca de jornais. Em geral eu já acordava e dava uma chegada lá, para verificar as novidades. Muitos moradores do Centro já se foram, sinto a nostalgia das casas fechadas e das varandas vazias. E neste ano fomos surpreendidos também com o fechamento da Banca de jornais.

 

A Banca é um símbolo significativo, vivo e atuante. Fechar uma Banca de jornais é como apagar uma página da cultura de uma cidade. Sinto sintomas de nostalgia por algo que acabou e que não deveria se extinguir jamais. Uma Banca não é uma biblioteca, mas atende as necessidades primordiais de busca de saber e conhecimento do povo, de procura pela atualização das informações. A Banca atende, enfim, uma parcela de pessoas que apreciam a leitura e as informações no papel, um disseminador de conhecimento.

 

Eu já observava que, nos últimos anos, já não havia o mesmo cuidado de preservação com o local, porém o espaço se mantinha exercendo sua função social e cultural. E neste ano deparo-me com a Banca transformada em um depósito de cocos. Segundo informações o antigo proprietário passou o espaço a quem não não deu continuidade. Assisti durante anos a derrocada e decadência do Iate Clube de Marataízes. Ouço falar em adaptação do local em um centro cultural, num píer e outras hipóteses mais, e ano após ano nada acontece, só a deterioração que se acentua. E agora até a Banca de jornais, que tanto representou para a cultura desta terra, fecha suas portas. Até quando?  Marilene De Batista Depes

 

 


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