Luzes e Cores - Jornal Fato
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Luzes e Cores


As luzes, grandes ou pequenas, de perto e de longe, me encantam desde a primeira infância. Talvez por isso o meu fascínio com as cores e brilhos abundantes no período natalino.

 

Nunca perdi de vista o verdadeiro sentido do Natal e do que ele deve significar na vida daqueles que escolheram refletir a luz de Cristo, mas ainda me lembro das viagens que fazia com meu pais e meus irmãos, e do êxtase em perceber vida nas cidades através da iluminação abundante que clareava a escuridão até então reinante ao longo da estrada.

 

Ficava na contagem regressiva, medindo cada centímetro, e chegava a perder o fôlego, tentando ver, na passagem rápida, o que aquela cidade revelava. Que magia haveria ali. Naquela época, não havia, na minha cabeça de criança, cidades feias nem pessoas más. Era simplesmente feliz com aqueles rasgos de luz. Isso me bastava. Foram momentos tão mágicos que se tornaram inesquecíveis.

 

O que me leva ainda hoje a viajar à noite com os olhos voltados para o passado, lembrando da deliciosa sensação de segurança que as viagens em família me proporcionavam. Do encantamento e expectativa diante de cada nova cidade com suas luzes ao longe, e das deliciosas partidas e chegadas.

 

Sempre fizemos questão de levar minhas meninas para ver o ônibus iluminado que a Viação Itapemirim disponibilizava, e todas as outras decorações das Prefeituras ou lojas, para que pudessem aproveitar ao máximo aquela sensação que eu tanto amava. E que elas aprenderam a gostar também.

 

Em casa, no mês de novembro a árvore já começava a ser montada. Mas para mim, as luzes e cores do natal não combinam com lojas lotadas e pessoas se acotovelando, mesmo que isso pareça contraditório. Não gosto de tumulto. Gosto da calmaria possível, num momento em que o espírito natalino invade corações e muda atitudes.

 

Não gosto da efervescência provocada no comércio e da falsa preocupação com o outro que não resiste ao segundo dia do ano novo. Dispenso a efervescência, mas acolho de braços abertos ascantatas, a alegria, a solidariedade e a fraternidade que reinam nessa época, mas que deveriam ser estendidas a todos os dias do ano. Um Natal 365, com toda a sua alegria, gentileza e generosidade permanentemente compartilhadas.

 

Saudades das viagens, dos sobrinhos e filhas pequenas, dos preparativos para os reencontros que aconteciam nas férias de julho e de dezembro, dos natais em família, com o Papai Noel distribuindo presentes aos pequenos, que custaram a descobrir um avô ou tio por baixo da roupa que trouxera inocente contentamento por tanto tempo.

 

Hoje todos cresceram e trilham novos caminhos, mas uma coisa é certa. Não vão faltar abraços, sorrisos, música e reencontros esperados o ano todo. Porque se tem uma coisa que é sagrado, desde sempre, é o encontro de filhos, netos, noras e genro, para alegrar o coração de pais idosos, que podem ter a certeza de que o amor fraterno e familiar ensinado ao longo da vida foi assimilado com excelência.

 

Amamos estar juntos, com todas as nossas diferenças. E a luz que mais emociona e ilumina nossas vidas nesse momento tão especial é o brilho do olhar. E esse ano, lágrimas rolarão lembrando de um dos olhares mais resplandecentes, que hoje ilumina o céu.Mesmo assim, a luz de Cristo refletirá em nós. E que Deus nos abençoe.


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