Depois da Recaída - Jornal Fato
Colunistas

Depois da Recaída


Desde que você foi solto, desapareceu. Eu não acredito como uma pessoa pode sumir sem deixar rastros, um fio solto, um erro na estratégia de fugir de mim.

 

O que você não quer entender - mas no fundo entende - é que não há como evitar. Vai sentir minha falta como eu sinto a sua. Vai esbarrar com muitas outras mulheres por aí, que podem ser mais bonitas, mais cultas ou mais novas, mas nenhuma delas será a sua Ana. Elas não terão o meu cheiro, minha paixão desenfreada, meu humor variável ou farão minhas cenas dramáticas implorando para que você fique. Elas se encarregarão de te mandar embora quando sua mãe se enfiar entre os dois, quando você for violento, quando pedir uma tatuagem com seu nome ou quando tentar, a todo custo, descobrir todas as senhas.

 

Convença-se disso: eu não estou louca à toa. E nem sou louca sozinha. Nossos desequilíbrios se completam. Ninguém mais no mundo associará ossos quebrados com prova de amor - somente eu.

 

Enquanto você não volta, te espero. Meus dias mecanicamente vividos: o despertador toca, levanto sem reclamar, banho, café, trabalho, almoço, trabalho, casa, encher a cara e cama. Nos finais de semana acordo mais tarde e começo a beber mais cedo. Não cabe mais as vaidades que eu tinha na minha agenda. Cabe um caso ou outro de alguém que identifico nas redes sociais, e que duram apenas uma noite, sem telefonema no dia seguinte. Minha linha continua livre a maior parte do tempo, porque uma hora você vai ligar. Eu sei que vai.

 

Não há mais médicos, pílulas, parentes ou rezas que ainda acreditem que vão me curar do que para eles é um mal. Amar você é meu maior bem, e não vou abrir mão disso, nem viver pela metade. Quando eu te encontrar de novo, você só terá duas opções: vivemos os dois, ou morremos juntos. Eu já tenho um plano.

 


Comentários