Todo ano a Igreja Católica lança um tema a ser refletido durante a Quaresma - os quarenta dias que tem início na Quarta-feira de Cinzas e termina com a Paixão de Cristo e a Páscoa, cujo simbolismo remete aos quarenta anos do povo judeu até chegar a Terra Prometida, os quarenta dias da profecia de Jonas em Nínive e os quarenta dias que Jesus passou jejuando no deserto, antes de iniciar a vida pública. Neste período somos convocados a jejuar - não só de alimento, mas principalmente do que nos torna escravos e que nos afasta de Deus; a praticar a oração diária - esta nos possibilita colocar Deus no centro da nossa vida; e a esmola - distribuir com os necessitados tudo o que possuímos em excesso e que não nos é mais útil, tornando-nos pessoas mais livres.

 

A Campanha deste ano tem como tema os "Biomas brasileiros e a defesa da vida" e o lema "Cultivar e guardar a criação" - orienta-nos a defender a natureza e a vida em todas as suas manifestações e a encontrar Deus em todas as suas criaturas. O que estamos fazendo com a nossa casa? Às vezes nos esquecemos que o Planeta Terra é a nossa moradia comum. O comportamento do homem com a natureza é violento e hostil. Somos capazes de limpar a casa e de jogarmos o lixo pelas ruas, destruímos a vegetação e ficamos a mercê das intempéries da natureza, gastamos água descontroladamente, maltratamos os animais  esquecendo-se que eles também são irmãos e que merecem todo respeito e cuidado. O encontro com Deus só é possível na medida que respeitamos e defendemos a vida, em todos seus aspectos.

 

Num tempo em que observamos tantas tragédias acontecendo na natureza, por conta das atrocidades cometidas pelos homens, a igreja foi feliz na escolha do tema deste ano. A mudança de paradigma depende de nós, e a possibilidade de chegarmos ao entendimento do que nos compete, para tornarmos esse mundo, que Deus nos entregou perfeito - um paraíso, em condições de habitabilidade, para que dele possam desfrutar as futuras gerações. Segundo o profeta Isaías, a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter fecundado a terra e feito germinar as plantas. Assim acontece com a palavra, não volta sem ter produzido o seu efeito. Que a Campanha da Fraternidade produza frutos concretos na Terra, e de vida eterna para cada um de nós.