Ex-vereador acusado de mandar matar cunhado vai a júri - Jornal Fato
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Ex-vereador acusado de mandar matar cunhado vai a júri

O crime ocorreu há mais de nove anos, por volta das 6h30 do dia 18 de julho de 2008, em Mimoso do Sul e foi supostamente motivado por uma dívida


José Jardel é apontado como mandante do assassinato
Sebastião Carlos foi emboscado quando saída e casa (foto Arquivo de Família) 

O ex-vereador de Mimoso do Sul, no sul do Espírito Santo, José Jardel Astolpho deve ir a júri popular na próxima segunda-feira (13), em Vila Velha, a partir das 9h00. O réu é acusado de ser um dos  mandantes da morte do próprio cunhado, o empresário Sebastião Carlos de Oliveira Filho, 47 anos. A vítima foi emboscada a tiros quando manobrava o carro na saída de casa, no centro da cidade.

 

O crime ocorreu há mais de nove anos, por volta das 6h30 do dia 18 de julho de 2008, em Mimoso do Sul e foi supostamente motivado por uma dívida de R$ 260 mil que envolve contrato com a prefeitura e o posto de gasolina em que eram sócios. A vítima estaria fazendo constantes cobranças ao vereador, que já teria recebido o pagamento e não havia repassado sua parte.

 

O julgamento ocorre em Vila Velha a pedido do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES). Para o MPES, o desaforamento foi necessário diante de denúncias de ameaças praticadas pelo vereador contra testemunhas e jurados.

 

Jardel, que na época do crime era vereador, é acusado por homicídio duplamente qualificado: motivo torpe e sem chance de defesa por parte da vítima. Sebastião foi surpreendido quando estava dentro do próprio carro, na saída de casa. Se condenado, pode pegar mais de 15 anos de prisão. Ele chegou a ser preso temporariamente, em 2009, mas responde ao processo em liberdade.

 

Envolvidos

Além do ex-vereador, que é casado com a irmã da vítima, há outros cinco envolvidos na morte. O executor, Jocimar Marques, e seu comparsa, Marcos Henrique Muniz Coutinho, que lhe teria dado fuga, foram julgados em setembro de 2009 e condenados a 19 anos de prisão. Após a condenação, Marcos revelou que José Jardel Astolpho foi o mandante do crime, que, segundo as apurações da Polícia Civil, teria sido encomendado por R$ 3 mil.

 

Os outros três ainda não têm definida a data do júri. Um deles, Roney Ferreira, é acusado de ser o segundo mandante do crime. Na época ele era gerente, mas, segundo o Ministério Público, é, na verdade, sócio de Jardel no posto de combustível.

 

Segundo o MPES, ele foi responsável pelos recebimentos da prefeitura e teria intermediado a negociação com outros dois acusados: o ex policial militar Edilson Silva Lopes e o ex-policial civil Sebastião Almeida do Rosário são apresentados como intermediários e o processo contra eles está em andamento.

 

Expectativa

 

Para o advogado Ludgero Liberato, um dos profissionais que assiste família da vítima, ambos também devem ir à júri popular. Segundo ele, a família está com uma expectativa muito grande em relação ao julgamento de Jardel, confiantes na condenação  

 

A provas, alega, são robustas e muito bem produzidas pela profunda investigação que Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc), da Polícia Civil. "Além disso, o processo já passou pelas quatro instâncias da justiça e as quatro afirmaram que existem elementos suficientes para o julgamento".

 

Em relação a demora para o julgamento, o advogado Ludgero Liberato explicou que o início da investigação foi muito difícil, haja vista o envolvimento de policiais no caso. "A investigação só foi à frente quando o Nuroc foi acionado", mencionou. Ele disse que ainda os quatro irmãos, filhas, a viúva e demais familiares do Sebastião, estarão presentes no julgamento.


 

Morte dividiu a família da vítima

 

Mylena tinha 16 anos quando o crime ocorreu. Ela estava em casa e ouviu os tiros que mataram seu pai. Ela pede por jstiça (Foto: Arquivo de Família)

 

Mylena Costa de Oliveira, de 25 anos, filha de Sebastião Carlos de Oliveira Filho, tinha 16 anos quando o pai foi assassinado. Ela já morava em Vitória, mas estava de férias na casa do pai, e estava lá no dia do crime.

 

"Não é possível descrever a dor que sentimos com a perda dele. Lembro nitidamente quando acordamos com o barulho dos tiros e os gritos de nossa madrasta. Esperamos que a justiça seja feita neste julgamento. Não teremos nosso pai de volta, mas pelo menos o alento de não ter o verdadeiro criminoso solto pelas ruas como se nada tivesse acontecido".

 

Mylena conta ainda que o crime, além da morte de Sebastião, causou uma segunda ruptura na família, já que a esposa de Jardel é irmã de Sebastião e continuou casada com o acusado. "Minha avó perdeu dois filhos, um morto e a outra em vida. No começo achamos que estava sendo pressionado a ficar com ele. Ela chegou a sair escondida da casa dele, mas depois percebemos que foi a escolha dela".

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