O Conselho do Plano Diretor Municipal aprovou, por 15 votos favoráveis, um contrário e três abstenções, a análise do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) que entende viável a instalação de supermercado da Rede Carone, em Cachoeiro de Itapemirim. A decisão, tomada na quinta-feira (27), é passo fundamental para que a construção se inicie, mas ainda faltam outros, principalmente de caráter ambiental.

O conselho do PDM se atém mais às questões urbanísticas, como circulação de pessoas e impactos no trânsito. O EIV teve parecer favorável de técnicos da Secretaria municipal de Desenvolvimento Urbano, o que foi crucial para a aprovação do empreendimento a ser erguido no bairro Independência, na rua Moreira, ao lado do Museu da Ciência e Tecnologia, no local onde década atrás funcionava a fábrica de cimento.

A equipe do supermercado Carone apresentou resumidamente todo o projeto, que vai gerar 250 empregos apenas na fase de obras e tem como público moradores de sete bairros da região, que atualmente se deslocam até o centro para ter acesso aos supermercados de maior porte.

O diretor-presidente da empresa, William Carone Junior, comemorou o resultado, apesar de ter presenciado na reunião momentos tensos. Segundo ele, há muitos interesses envolvidos. "As pessoas tiveram a consciência de que o município precisa crescer, com base em investimento, gerando emprego e renda. Tem 10 anos que estamos tentando entrar em Cachoeiro e sempre acontece um bloqueio, principalmente da concorrência, que se manifesta demais contra a nossa vinda", disse o diretor.

Para que a construção não seja bloqueada mais uma vez, o grupo vai precisar adotar medidas para mitigar o impacto na vizinhança ou compensar, de alguma forma. Uma das condicionantes é a instalação, em escolas da região, de sistema de captação de energia solar. Outra, é assumir a construção de pontos de ônibus na rua.

Único a votar contra, o conselheiro Nilton Costa Filho, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pretendia que a decisão fosse prorrogada. Ele pediu vistas dos processos, ao qual disse não ter acesso, mas a solicitação foi negada.

"Não dá para falar se sou contra ou a favor da construção. Inicialmente, há muitas dúvidas com relação a viabilidade do empreendimento na localidade, como a ausência de consulta e audiência pública com a população", disse o conselheiro.

Procurado pela reportagem ao final da reunião, o presidente do Conselho, o titular da Semdurb, se recusou a falar sobre o assunto.

O diretor-presidente do grupo Carone, William Carone Junior,

comemorou a aprovação, após momentos de tensão (Fotos: Ronaldo Santos)

 

O projeto

A loja será instalada numa área de 32 mil metros quadrados. Somente a parte de vendas, que é destinado ao público, terá 4,5 mil metros quadrados, sem contar a área do depósito. Também está previsto um grande estacionamento.

De acordo com as normativas do EIV, o abastecimento se dará por caminhões, sem o trânsito de grandes carretas.

O terreno, no bairro Independência, onde o empreendimento terá endereço, era de propriedade da Itabira Agroindustrial (Fábrica de Cimento Nassau), foi colocada à venda em uma ação do Ministério Público do Trabalho para quitar parte das dívidas trabalhistas da indústria. O imóvel foi arrematado por R$ 16,19 milhões.

Será o primeiro supermercado do grupo fora da Região Metropolitana. A proposta é o que a loja atenda tanto o consumidor final quanto comerciantes, com produtos com duas faixas de preço, para venda unitária e no atacado.

As obras devem começar apenas no ano que vem. A estimativa é de que fique pronta de dez a 12 meses depois.

O advogado Nilton Costa foi o único a votar contra e diz que não teve acesso ao processo

 

A análise Estudo do Impacto de Vizinhança teve parecer favorável de

técnicos da Prefeitura e apenas um voto contrário no conselho do PDM