Grupo dono da Cimento Nassau e Rede Tribuna entra com pedido de recuperação - Jornal Fato
Cachoeiro

Grupo dono da Cimento Nassau e Rede Tribuna entra com pedido de recuperação

O conglomerado tem passado por uma crise econômica em consequência de má gestão e de brigas entre os herdeiros de seu fundador.


- Foto: Ilustrativa.

A fábrica "Cimento Nassau", que possui uma unidade em Cachoeiro de Itapemirim, e a Rede Tribuna de televisão e rádio enfrentam sérios problemas financeiros. Elas fazem parte do grupo empresarial pernambucano João Santos que entrou com um pedido de recuperação judicial, com dívidas avaliadas em mais de 11 bilhões de reais. O conglomerado tem passado por uma crise econômica em consequência de má gestão e de brigas entre os herdeiros de seu fundador. A informação foi confirmada pelo jornalista Felipe Mendes, em publicação feita pela revista Veja, na última sexta-feira (23).

O grupo empresarial pernambucano João Santos, que chegou a ter mais de 40 empresas no passado. Mas no ano passado, os irmãos José e Fernando Santos, que estavam à frente do grupo, foram alvos da Operação Background, da Polícia Federal, suspeitos de cometeram crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, fraudes e execuções trabalhistas, além de formação de quadrilha. Os dois teriam dado calote em oito mil ex-funcionários e no governo federal. O grupo João Santos então foi afetado pela operação.

E os escândalos não pararam por aí. Em maio de 2006, uma das empresas do grupo, a cimenteira Itapicuru Agro Industrial, foi flagrada com 49 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão. De acordo com a Polícia Federal, a administração teria transformado um passivo tributário avaliado em 8,6 bilhões de reais em patrimônio pessoal.

A história do grupo é marcada pelo crescimento no mercado nordestino, onde, no passado, encontrou um 'oceano azul', um mercado aberto, aproveitando a pouca presença de competidores relevantes, sobretudo no ramo de materiais de construção. Esse posicionamento foi vantajoso durante muito tempo, permitindo ao grupo adquirir jazidas de calcário por todo o Brasil, e estabelecer unidades fabris de cimento em estados como São Paulo e Espírito Santo. No entanto, os impactos da crise no México fizeram com que o Grupo João Santos sofresse com o endividamento em dólar e tivesse de se desfazer de sua fábrica em São Paulo, principal mercado para o setor no Brasil.

Agora, com dois novos executivos de fora da família assumindo a gestão, o grupo passa por um processo de reestruturação. A dívida tributária está sendo negociada com a PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) e as dívidas trabalhistas têm sido quitadas por meio da venda do patrimônio imobiliário e de outros ativos. O grupo está buscando recursos no mercado para financiar o pagamento de impostos e das dívidas trabalhistas. Para o futuro, os planos de negócios incluem a venda de ativos, e o posicionamento estratégico de permanecer em mercados onde a competitividade do grupo for maior.

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