Acervo sobre a escravidão é catalogado em Itapemirim - Jornal Fato
Cachoeiro

Acervo sobre a escravidão é catalogado em Itapemirim

O acervo é composto por 104 livros, que possuem 34 mil páginas no total, e que contam a história de todo o sul do Espírito Santo


- Foto Divulgação

Na última segunda-feira, dia 12, uma equipe composta por 4 pesquisadores e uma estagiária iniciou o trabalho de tratamento arquivístico de parte do acervo da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo, no município de Itapemirim. O acervo da Paróquia é composto por 104 livros, que possuem 34 mil páginas no total, e que contam a história de todo o sul do Espírito Santo.

O projeto engloba a parte do acervo relacionada à escravidão. Estão sendo trabalhados os livros de tombo do século XIX, juntamente com os livros de batismos e de óbitos de escravizados. A princípio, serão inventariados 7 livros que, juntos, possuem 1.700 páginas. A partir desse trabalho, será produzido um catálogo seletivo dos principais lugares de memória da escravidão e da luta pela liberdade no sul da Província do Espírito Santo.

O professor e arquiteto Genildo Coelho Hautequestt Filho, um dos integrantes da equipe de pesquisadores do projeto, destaca que muito pouco se sabe desses lugares de memória da escravidão, em especial porque a história sempre foi escrita pelos vencedores: homens e mulheres brancos provenientes da elite escravocrata brasileira. "Nosso interesse é contar uma outra versão dessa história. Uma história baseada não apenas em documentos oficiais, como os da Paróquia, mas também em fontes orais do povo negro originário das grandes fazendas escravocratas de nossa região", afirma Genildo.
 
"O acervo da igreja Nossa Senhora do Amparo foi o único que se manteve praticamente intacto na região do Vale do Itapemirim. Enquanto grande parte dos outros arquivos do sul do Espírito Santo foram destituídos e perdidos, a matriz preservou registros civis de livres e cativos por praticamente todo o século XIX", destaca a professora e historiadora Laryssa da Silva Machado.
 
Além de Genildo e de Larissa, também fazem parte da equipe o historiador Lucas da Silva Machado, o arquivista Marcello França Furtado e a estagiária Maria Clara Porto Sales.
 
O projeto é financiado pelo Funcultura da Secretaria de Estado da Cultura - Secult, por meio do Edital 11/2021: Seleção de Projetos Culturais e Concessão de Prêmio para Inventário, Conservação e Reprodução de Acervos no Estado do Espírito Santo. A iniciativa também conta com o apoio da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense.

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