Rita e Roberto - Jornal Fato
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Rita e Roberto

"Eu não posso dizer para você que a Rita e o Roberto....O Roberto é a Rita também, a Rita é o Roberto também. Em vida ou em morte. E ela continua sendo eu" - Roberto de Carvalho


- Foto Reprodução/Instagram

Apesar de ter falado de Rita Lee na semana passada, a entrevista de seu companheiro no último domingo me faz voltar ao assunto. Confesso que, em diversos trechos da conversa, eu me emocionei. Tanto ao ponto de ter sido racional sobre aquilo somente algum tempo depois. Renata Ceribelli conduziu suas perguntas com muita delicadeza e sensibilidade e, enquanto ela levava o assunto, eu só conseguia pensar em como seria a vida de Roberto sem o amorda sua vida.

Eu não quero romantizar 47 anos de um casamento como se fosse conto de fadas. Obviamente tiveram lá os seus entraves e crises. E talvez eu esteja apenas elogiando o óbvio. Já que, nesses tempos difíceis, fazemos isso tantas vezes. Mas eu não vou deixar de exaltar o protagonismo dele na vida dela, sem que nunca o brilho de quem ela foi tenha sido, para ele, um problema. Não é comum encontrarmos homens que convivam bem com o sucesso e o esplendor de suas parceiras. Na verdade, é raro.

Mas, para além disso, para além de sua facilidade em aceitar e ter orgulho de ser casado com uma mulher famosa e consagrada, precisamos falar de companheirismo. Do real sentido de estar junto na saúde e na doença. Faz pouco tempo que vimos na mídia Preta Gil sendo traída no momento em que trata um delicado câncer de intestino. Talvez por seu marido não dar conta do seu sucesso, talvez por não dar conta da sua doença, embora eu acredite, mesmo, é na ausência de amor.

Hoje, eu trago Rita e Preta para nos alertar a nunca aceitarmos menos do que merecemos e desejamos. Acompanhar o que se passa lá fora não só pode, como também precisa, fazer efeito aqui dentro. Precisamos ser protagonistas de nossas vidas, e isso não significa que precisamos estar sozinhas. Percorrer a vida de mãos dadas é supreendentemente lindo, mas precisa ser leve. Não com medo de ser, fazer e acontecer quem realmente somos o que vai te fazer feliz e garantir afeto. Pelo contrário, é exercendo vontades e fazendo com que nossa voz seja ouvida. E eu não falo de bandeiras, mas sim de respeito e igualdade. Não há relação saudável quando baseada em ordens, submissões, ciúmes e proibições. Não é possível que cortar ou não um cabelo ainda seja pauta de briga. A roupa, a compra escondida, o peso do corpo ou a fé professada. O amor é mais que isso. É quando olhamos nos olhos do outro, na saúde e na doença, e sabemos que estão te pedindo para ter calma, porque nada vai fazer com que suas mãos se soltem.

"A gente começou a fazer as coisas juntos porque ela ouvia", disse Roberto. E meu desejo é que a gente nunca perca a capacidade de ouvir o outro, ainda que ele não esteja falando.

 


Paula Garruth Colunista

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