Patota de Cosme - Jornal Fato
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Patota de Cosme

Perdão, camaradinhos, mas as linhas a seguir, embora riscadas com algum alento e alguma dignidade que ainda restam a nós


Perdão, camaradinhos, mas as linhas a seguir, embora riscadas com algum alento e alguma dignidade que ainda restam a nós, "supraviventes" (grifo que eu pego emprestado de Luiz Antonio Simas) destes atuais tempos bolsolípticos, não serão a coisa mais importante de hoje, tampouco desta semana. 

Minha mais recente crônica especial foi escrita na terça-feira, dia treze de julho, e dedicada a quem de direito, a quem mais sou afeito e para quem, afinal, fui feito: ela, que além de ser meu axé e minha pétala de bem-querer, é o próprio sentido de minha vida, justificando quem de fato e de afeto sou - a montanha que zela pelo vulcão, sem jamais lhe represar.

 

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No par-ou-ímpar entre o cronista e o jornalista que vivem em mim não há vencedor. Ambos perdem o direito de narrar, cada qual com a verve que lhe é singular, o que ocorre e escorre, ralo abaixo (eu trocaria o odor que agora sinto pelo cheiro de mijo das imediações da Rodoviária Novo Rio), diante dos meus olhos. 

Ainda assim, em nome do meu compromisso com a atemporalidade, quero apenas informar, a quem vai me ler daqui a - sei lá! - dois séculos, que 2021 foi o ano do copo Stanley, da onipresença de Flávio Venturini nas redes sociais e da palavra "narrativa", esta, porém, nunca ouvi ser dita no Bar do Miguel, lá perto do cazuá. 

 

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Tem um amigo meu de Marapé, o Rogério "Vivácqua" (as aspas são uma herança da carreira dele de intérprete de uma música só, "Rumo a Goiânia"), que, quando me vê, além de me cumprimentar, costuma também saudar Cosme e Damião. "Sempre bem-acompanhado, hein, padrinho? Um do lado direito. O outro, do esquerdo". 

Após um tempo encafifado com isso, descobri, e da própria boca desse gente-boa, que sou... Doum. Talvez seja por isso que sonhei, noite dessas, que eu caminhava em direção a uma linha de trem (Ogunhê!), escoltado por uma molecada que cantava, a plenos pulmões, "...mas a patota de Cosme não deixou me derrubar".

 

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Iê!

Seguindo sua natureza,
o cachorro late e ladra.
Pois seria estranheza
se, algum dia, ele fala.
Oh, o gato quando mia
é pra pedir sua comida.
Ah, o pássaro bom pia
só pra fêmea preferida.
E no alto lá dos galhos
cada macaco num lugar.
Uma boca e dois olhos
é pra ver mais que falar,
camará!

 

Felipe Bezerra

 

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