O violador és tu - Jornal Fato
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O violador és tu

O título acima se refere à música de protesto das feministas chilenas


O título acima se refere à música de protesto das feministas chilenas que está mobilizando o mundo, com o refrão: "a culpa não é minha, nem onde estava, nem como me vestia". Dentro de um cenário político conturbado as chilenas lançaram "Um estuprador em seu caminho" e a letra atravessou os continentes e serviu de mote a todos os protestos contra a violência à mulher. Feministas vendadas em Paris, Istambul, Londres, Lisboa, Madrid, Cidade do México realizaram protestos com entusiasmo e raiva. Impossível permanecer na situação de subserviência em que se submetem as mulheres, e elas acusam o Estado e seus poderes - "O Estado opressor é o macho violador"!

Para melhor entender o movimento que chama a atenção do mundo, trata-se de campanha internacional de combate à violência contra mulheres - são 16 dias de ativismo que inicia no dia 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, e vai até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. É uma campanha apoiada pela ONU e que a cada ano ganha mais adeptas. Vale ressaltar que países com contextos totalmente diferentes, em todos eles as mulheres e meninas são assassinadas, sofrem estupro, violência sexual e abusos, um pacote de atrocidades que faz parte da história do patriarcado, que considera a mulher como um objeto. E a impunidade é tão frequente que resta às vítimas o silêncio e a vergonha.

Muitas mulheres relutam em se declararem feministas por receio de estereótipos, e na verdade o feminismo nada mais é do que a defesa dos direitos das mulheres, colocando-as em patamar idêntico aos homens. Uma célebre atriz tuitou conclamando as mulheres a informarem se já haviam sofrido abuso sexual, e em apenas 24 horas meio milhão de mulheres, de mais de 80 países, declararam que já haviam sofrido abusos. A partir daí muitas celebridades passaram a apoiar o movimento.

A cada ano a campanha cresce e em nossa cidade ocorreram manifestos em que participaram mulheres, deficientes, negros, LGBTs, idosos, enfim as minorias. E quando cito minorias, falo de incoerência, afinal mulheres e negros são maioria em nossa população. E infelizmente o Brasil lidera número de assassinatos de mulheres e negros na América Latina. E encerro com o refrão das chilenas cujo protagonismo invade o mundo: "Se cuida, se cuida seu machista, a América Latina vai ser toda feminista"!

 

Marilene De Batista Depes


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