Dias melhores virão
No meio das centenas de vídeos e mensagens que chegam todos os dias, a maioria ignorada por absoluta falta de tempo, e às vezes até de paciência, um me chamou a atenção
No meio das centenas de vídeos e mensagens que chegam todos os dias, a maioria ignorada por absoluta falta de tempo, e às vezes até de paciência, um me chamou a atenção.
Ele falava de algo que ouvi a minha vida toda e destacava sobre como as pessoas nos enxergam fortes, mesmo quando somos pura dor e desencanto.
Você sendo violentamente espancada pela vida, fragilizada, aos cacos que nunca mais serão perfeitamente colados, com cicatrizes e feridas profundas que insistem em sangrar e as pessoas enxergando força onde há apenas resistência e teimosia.
"Você é guerreira, mulher de fibra, batalhadora, vai superar isso bem rápido. Você é muito forte". E o autor de vídeo alertava que o lado ruim de ser forte é que ninguém tem muito cuidado com você porque sabe que vai aguentar todas as pancadas e maus tratos que a vida te reserva como um prêmio indesejado.
Mas o grande problema, dizia ele, é que aguentar não quer dizer que você não sinta. Que não se machuque. Ao contrário, sentimos muito, em demasia, mas somos bons em externar força quando o desejo é nos debulhar em lágrimas de sangue.
Eu tenho aprendido, cada vez mais a tirar a capa da mulher maravilha. Cada vez menos estou disposta a carregar o mundo nas costas. A facilitar a vida de quem é um peso morto e nem se incomoda ou envergonha em ser um fardo e sobrecarregar a existência da família e dos amigos com sua inutilidade.
Já convivi com gente assim. E tiram de nós a última gota de energia e esperança com despudor e egoísmo.Eu não sou guerreira. Sou sobrevivente que insiste em acreditar que é preciso dar o próximo passo.
Mas aprendi algumas coisas pelo caminho. Joguei fora coisas e me afastei de pessoas que não agregam valor e boas energias. Sem nenhum peso na consciência. Enquanto isso continuo juntando os cacos, convicta de que desistir não é, nem nunca foi ou será, uma opção. Pare de romantizar a minha dor. Acredito sempre que dias melhores virão. Sem a capa de heroína. E quer saber? Ela não faz a menor falta.