Crônica natalina - Jornal Fato
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Crônica natalina

Em Cachoeiro, a Praça de Fátima


Em Cachoeiro, a Praça de Fátima (nossa Praça mais central, bem próxima aos nossos símbolos - Ponte de Ferro e o Rio Itapemirim), nessas noites de dezembro, transformou-se em magia. A Ponte de Ferro, onde resquícios de trilhos testemunham e não nos deixam esquecer os tempos áureos de trens de passageiros e cargas com orgulhosos maquinistas à sua frente; não deixam esquecer a Estação Ferroviária. Da Ponte iluminada caminhei em direção ao Natal Mágico. A magia depende de cada um. Pela beira do rio, em uma noite bem Cachoeiro, as luzes da Praça refletiam sobre o leito do Itapemirim. O contraste da penumbra das águas e as luzes das árvores reforçavam a imaginação. Fechei os olhos e busquei um tempo diferente em noite do 24 de dezembro. O que me encantaria? O que desejava para a noite de Natal e para os dias seguintes? Pensei Cachoeiro, não só a Praça, transformando-se numa cidade em que as pessoas caminham com proteção do sol; calçadas seguras e sem riscos de acidentes; carros e motos em número reduzido e sendo gradativamente substituídos por bicicletas e ônibus coletivos confortáveis; o retorno de trens de cargas e passageiros em local seguro de saída e chegada com idas e vindas às montanhas, cidades e estados vizinhos; o rio Itapemirim volumoso e caudaloso durante todo o ano e seus pescadores felizes em torno de sua balaustrada; crianças uniformizadas e bem alimentadas visitando bibliotecas em vários pontos da cidade; Prontos Socorros vazios com profissionais de saúde prontos para atenderem os casos de verdadeira urgência (que nunca chegariam devido à prevenção e redução dos acidentes motociclísticos e automobilísticos) e, por fim, o Hino de Cachoeiro cantado por todos nós na Bienal Rubem Braga, Praça de Fátima, nos meses de maio. Sonhei...

Abri os olhos e atravessei a Avenida, aguardaria a construção do Cachoeiro dos sonhos, aproveitaria a Praça e sua magia. Fui de encontro à Árvore de Natal e ao Papai Noel. Explorei os detalhes do local. Bernardo, meu neto, olharia a grande árvore com as bolinhas coloridas e diria: Vovô, Vovô! Óia. Bolinhas... "Nossa!" Um monte de bolinhas. Observei o formato do Circo e admirei a melodia. Admirei o pipoqueiro e o seu modo de servir; as crianças correndo em completa liberdade, sem riscos de acidentes e em completa felicidade; pais e filhos se abraçando e pessoas caminhando sem medo. Caminhei por todos os cantos, buscava as luzes em árvores e brinquedos. Esqueci, por instantes, o mundo real. Na esperança de encontrar Bernardo em meio às outras crianças, de repente, pensei ouvir: Vovô, vovô Sergio. Corre vovô, corre... Fui despertado pela buzina do carro elétrico carregado de luzes e crianças no outro lado da Avenida. As crianças cantavam com alegria. Retornei à beira do rio e olhei a correnteza. Observei as sombras e as imagens refletidas em seu leito.  As águas escorriam com força. As chuvas se foram, deixaram um rio mais bonito. As águas carregavam a saudade do Bernardo. Logo, traziam a esperança de revê-lo em breve. Nas águas, parecia estar escrito: Óia, vovô. Papai Noel!

 

Sergio Damião Sant'Anna Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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