Conexão Mansur: O Café Regional Está Subindo de Qualidade - Jornal Fato
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Conexão Mansur: O Café Regional Está Subindo de Qualidade

Creio que todos (ou quase todos) meus leitores também retornarão a décadas e décadas passadas, desde quando tomaram o primeiro cafezinho...


- Ilustração: Zé Ricardo

Neste momento e nesta crônica estou me referindo especialmente a Cachoeiro e às demais cidades do Sul do Espirito Santo, tudo agregado ao café, desde seu plantio até seu consumo, aqui em nossa região.

Creio que todos (ou quase todos) meus leitores também retornarão a décadas e décadas passadas, desde quando tomaram o primeiro cafezinho, quem sabe numa xícara de ágata, quando criancinha, e daí para a vida inteira, sempre com prazer e quase sempre na companhia de bons amigos, também tomadores de café, seja em casa, seja em cafeterias.

Todos nós teremos passado por isso, e isso num tempo e idade que, para nós, café só tinha o primeiro nome, e não sobrenome, coisa que fui saber há pouco tempo. Sim, e apenas para simplificar, temos o café conilon, que tem um monte de outros nomes, como temos o café arábica.

E à medida em que íamos além da bebida, em leituras simples ou não, fomos descobrindo que o conilon é maioria em nossa região, e o arábica, minoria. E mais, o arábica, mais longe de nós, é mais especial (melhor?) do que nosso conilon, para desgosto nosso, ainda que para mim não haja tal diferença, embora os técnicos digam que há.

Quanto à área plantada e a produção aqui no Sul do Estado, meu irmão Ronald, buscando informações na CONAB, me informa que o arábica, em Cachoeiro, tem 385 hectares de café plantados, com produção de 7.300 sacas anuais de 60 quilos cada, ao passo que o conilon atinge, também em Cachoeiro, 4.813 hectares plantados, produção de 120.900 sacas anuais de 60 quilos cada. Bem mais em quantidade, bem menos em valor unitário.

Ou seja, até aqui, até recentemente, temos apanhado. Mas a história está mudando. Cada vez mais o conilon se aproxima do arábica, em preço e qualidade, e não é difícil prever que tal aproximação possa aumentar, tornando nossa região mais promissora quanto ao comércio do café.

Foi o que entendi, de Mauro Zafalon, em texto publicado na Folha de São Paulo de 16 de abril: - "O robusta (conilon) subiu para R$ 1.105 por saca, acumula 16% de alta apenas neste mês e já representa 89% do valor de uma saca de café arábica, tradicionalmente bem mais elevado. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Há um ano, essa diferença era de 60%. A correção ocorre tanto por motivos internos como externos. A qualidade dos cafés conilon/robusta mudou de patamar no Brasil. Antes usado apenas para compor blend, agora, com manejo e cuidados maiores no campo, eles têm mais sabor e aroma.

... O avanço da qualidade do produto brasileiro o tornou mais competitivo no mercado internacional. Com a quebra de produção em países africanos e asiáticos -o Vietnã é o maior produtor mundial desse tipo de café-, a demanda pelo café brasileiro cresceu muito. Além disso, o produto dos demais países se torna mais caro devido aos custos logísticos, provocados pelos conflitos geopolíticos atuais".

Ou seja, vamos olhar para o nosso Café???? Olhar pra frente, agora e sempre!

 

Nossa Irmã cachoeirense!

Felipe Charra

Observando meu calendário de santos da Igreja para o mês de abril, encontrei nomes famosos e importantes na hagiografia e na cultura popular: São Marcos, o Evangelista; Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja; São Jorge, o matador de dragões.  Mas pensando nas santas datas de abril, lembrei-me que para nós, capixabas e cachoeirenses, há um dia em especial que é merecedor de boa memória -  28 de abril!

 

Irmã Cleusa
 

Foi em 28 de abril de 1985, que nossa Irmã cachoeirense, Cleusa Carolina Rody Coelho, sofreu seu martírio em Lábrea, na região do Amazonas. Uma freira agostiniana, nascida em Cachoeiro de Itapemirim, no bairro Baiminas; que em seu serviço missionário em terras indígenas, entregou a vida buscando proteger seu povo da violência dos gananciosos. Ela que nasceu às margens do Rio Itapemirim, foi martirizada dentro de uma canoa, no Rio Paciá. As redes de São Pedro foram lançadas em águas mais profundas!

A canonização foi aberta e nós, cachoeirenses, precisamos zelar por sua memória, garantindo mais e mais sua vitória. A data de 28 de abril é de importante memória na região de Lábrea, não deixando de modo algum de ser celebrada.

Já há uma escola com o nome de nossa conterrânea no município da Serra. Também "Cachoeiro" precisa atentar-se mais por sua memória e pela propagação de sua história e missão.

Irmã Cleusa viveu entre os pobres, lutou pelos marginalizados da nossa sociedade, deu a vida lutando por justiça e paz. Ela não escreveu o evangelho como fez São Marcos, mas soube viver a mensagem de Cristo; não é doutora da Igreja, mas ensinou a muitos aquilo que "doutores" jamais puderam ensinar; ela não vive na lua montada em um cavalo branco, mas soube ser sinal de luz para muitos em noites escuras, lutando contra o dragão da injustiça. No dia 28 lembremo-nos dela e, aos que crentes são, façam uma prece por sua canonização!

 

TIRADENTES E SEU DESTINO

 

 

(Abaixo está transcrita a parte final da sentença que condenou Tiradentes por suas supostas "infames práticas". Ao leitor convido meditar sobre essa condenação àquele que lutou por um Brasil melhor).

"... Condenam ao réu Joaquim José  da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas, a que, com baraço e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca, e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde no lugar mais público será pregada em um poste alto, até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes, pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve as suas infames práticas, ... , declaram o réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados, e no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia desse abominável réu. Rio de Janeiro, 18 de abril de 1792".

(Assinam 8 juízes da então capital Rio de Janeiro. Este excerto, parte final da sentença, extraí da página 206 do livro "O PROCESSO DE TIRADENTES", de Ricardo Tosto e Paulo Guilherme Mendonça Lopes - Conjur Editorial).

 
 

Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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