Artesanato... e Café - Jornal Fato
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Artesanato... e Café

Café e artesanato são duas forças econômicas e culturais importantíssimas de nossa cidade e região


- Ilustração: Zé Ricardo

De repente, entro no "Empório das Artes", na Rua 25 de março, no centro de Cachoeiro, que é uma das lojas de artesanato local de qualidade. É um de repente que se repete, visto que o artesanato local e regional é de qualidade exemplar. E como gosto de artesanato, esse de repente, como afirmei acima, está sempre se "repentindo".

Outra coisa que gosto muito, além do artesanato, é café - divulgar o café, principalmente o regional, e, claro... tomar café.

Mas o que tem uma coisa e outra? Onde se encontrariam café e artesanato? Resposta rápida e repetitiva: se encontram lá no "Empório das Artes", na Rua 25 de março, centro de Cachoeiro.

Café e artesanato são duas forças econômicas e culturais importantíssimas de nossa cidade e região. E quando economia e cultura se juntam, sem uma prejudicar a outra, aí é que chegamos ao cume da civilização, do reconhecimento das coisas da região, de que se trata de região nobre, como é nobre mesmo Cachoeiro e o Sul do Espírito Santo. Só falta um pouquinho mais de reconhecimento de nossa parte, vez que da parte dos que nos visitam - quando nos descobrem - desnecessário maior reconhecimento - mas se vier mais reconhecimento é "bomdimais".

Quando entrei no "Empório das Artes", já no mostruário na porta de entrada, vi o que nunca tinha visto antes - um artesanato de café, artesanato de uma Santa - e eu nem perguntei qual Santa era; o que vira já era tudo pra mim. A Santa é minha agora.

É a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, que está nesta página, confeccionada pela artesã sul espírito-santense Cláudia Agrizzi (@artesanta), artesã que estava na loja. Ela me explicou que, desde criança, pelos lados da fronteira com o Estado do Rio, já fazia suas artes artesanais. Foi vivendo, vivendo e vivendo; passou por Jaciguá, Município de Vargem Alta, também região cafeeira e, ao fim, chegou a essa imagem de Nossa Senhora Aparecida, abrilhantada pelo nosso tradicional café - e está fazendo muito sucesso.

São histórias simples e poderosas como esta que fazem o crescimento da cidade e da região e, muito mais que isso, bem mais que isso, que engrandecem pessoas locais e encantam as que passam por aqui. Que nosso artesanato cresça e apareça muito mais, de forma a mais e mais engrandecer nossa gente e nossa obra cultural.

Ah, esqueci de falar - Nossa Senhora Aparecida, maravilhosamente coberta de café, agora é de Maria Elvira.

 

 

Novo Normal - Enchentes e Deslizamentos

 

 

No final do ano de 2010, enchente de proporções desastrosas do Rio Itapemirim, inundou Cachoeiro, inclusive o centro. Desde 1937 não se vira algo semelhante. Na ocasião, na Conexão Mansur 80 (Folha do ES de 08/01/2011), em 4 páginas, abordei a enchente de 2010 e fiz histórico razoável sobre enchentes anteriores, a partir de 1862, baseado em fontes sérias - livros, jornais e fotografias.

Novembro de 2011, meses após a enchente, passou por Cachoeiro a CPRM (Cia. de Pesquisa e Recursos Minerais - Serviço Geológico do Brasil), órgão federal que apontou, oficialmente, 20 áreas de risco no município, 19 delas na área urbana.

O relatório da CPRM - 2011 - indicou 6512 pessoas em áreas de risco só nas 19 áreas indicadas (3.000 no Bairro Zumbi). Imóveis em área risco? 1508, sendo 700 no Zumbi. (Desnecessário dizer: quem mais está em área de risco são os mais pobres da cidade).

Talvez, por conta disso, de lá pra cá, mais de 10 anos passados do relatório da CRPM, nunca mais se falou no assunto, oficialmente ou não.

Duas coisas me assustaram nesse início de mês de fevereiro de 2022. Uma, quando liguei para amigos do bairro Zumbi, e nenhum informou sobre atuação efetiva do município visando à diminuição dos riscos apontados há uma década, tais como obras sérias de contenção. O outro susto está no Diário Oficial do Município de 16 de fevereiro corrente, onde informam que se gastará R$ 4.000.000,00 para "minimizar riscos às vidas e ao patrimônio da população" em determinado local próximo ao centro da cidade, onde praticamente ninguém mora. Que existe risco, existe, mas tal que se quer enfrentar, é mínimo em relação aos riscos no Zumbi e nos demais 18 bairros apontados pela CPRM em... 2011.

Estou assustado principalmente por que enchentes e deslizamentos são o "novo normal". Podem chegar a qualquer dia ou ano a Cachoeiro e nada de proteção pública ao cidadão mais pobre, objeto desta crônica.

 

 

 

 

 

 


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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