Amor rima com humor - Jornal Fato
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Amor rima com humor

Desidratação faz mal à crônica. Terá sido por esta desrazão que cantarolei, em tom de prece, "Santo Antônio, eu quero água"


- Foto Reprodução Web

Sexta passada choveu, e me voltou a alegria. Até antes, porém, eu andava "tal qual um samba-canção". Tanto que me faltou inspiração para a coluna anterior. Desidratação faz mal à crônica. Terá sido por esta desrazão que cantarolei, em tom de prece, "Santo Antônio, eu quero água", corrido de capoeira Angola - à bença, mãe - cujo sentido este filho entendeu só agora?

A alegria me voltou, em feitio de chuva, e a ela nunca mais deixarei de dedicar assuntações ávidas por cada gota resultante - e exultante - de sexta passada.

 

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Estou abstêmio do Instagrama, sô! e do Face Krueger (onde o pesadelo, diria uma gíria da moda, é "real") há alguns meses. Ultimamente, tenho dado as caras apenas no Ué, tia Zap. Publiquei lá, outro dia, um status no qual fiz uma reflexão sobre alarido da imprensa em torno do cinquentenário de Angélica, celebrizado neste quase-fim de 2023.

Uma breve - e cretina - contextualização à posteridade. Da mesma forma que Xuxa foi uma espécie de Ayrton Senna do entretenimento televisivo infantil do país, nas décadas de 1980 e 1990, Angélica ocupou, nesse meio, um lugar digno de um Barrichello: muita expectativa para nada...

Enfim, pretendia eu, na postagem, questionar o excesso de atenção dispensada à efeméride. Mas, desiludido com as coisas da vida ("...exagerado"), eu me vi numa batalha quixotosca contra o jornalismo de celebridades. Uma vez vencido, restou-me compor meu "Tema da derrota":

 

Vamos de táxi,

cês sabem,

ao fundo do poço

de verdade.

 

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Preciso te relembrar miudezas já sabidas por ti, para que estas te cheguem em momento mais que pertinente. Você haverá de acolher minhas palavras em teu colo, ainda que estas - subversivamente - venham a te acalentar.

 

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As grandes emissoras deveriam dar oportunidade a um talento desperdiçado da teledramaturgia nacional. Trata-se de Miguel, dono do buteco mais afamado da nossa quebrada. Sua habilidade para captar estórias do cotidiano e convertê-las em folhetins faria inveja, até, à Janete Clair.

Uma de suas tramas mais instigantes, criada recentemente, traz a saga de um freguês que, numa bela (!) noite, decidiu mudar de cerveja, abandonando sua fiel baixa-renda para se entregar, de copo e alma, a uma marca de preço pouco mais elevado. O enredo se desenvolve a partir da investigação dos motivos que teriam levado o personagem a trocar de bebida.

Embora avesso a spoilers, adianto que as causas são, no mínimo, cabeludas.

 

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Que não falte o tesão,

a paixão e a emoção,

tampouco o chão.


Felipe Bezerra Jornalista

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