Por Pâmela Gualandi

 

Anoitece e a sensação de vazio percorre a casa, tão grande, porém pouco habitada. Ouço as vozes, vejo o que há nela, mas o vazio ainda está ali. Vai ficando tarde, escuro, e o silêncio toma conta dos corredores, todos dormem, a casa parece ser ainda maior e tudo que se ouve é a respiração ofegante de quem ainda não conseguiu parar.

Vejo a chave, mas não consigo abrir a porta, parece emperrada, a chave não consegue abrir. Uma prisão! Sim, uma verdadeira prisão.

Para você, leitor, há uma angustia neste conto? Um medo? Uma fuga?

A casa, a mente. O vazio, o coração. Os moradores da casa, os sentimentos. As vozes, os pensamentos. A chave, a coragem, a mudança. O personagem, o ansioso, o depressivo.

O que acontece neste conto, geralmente, acontece na vida, mais precisamente, na mente de uma pessoa que sofre com crises de ansiedade, de pânico e depressão. Para alguns, isso é frescura, mas, para quem sofre com esses distúrbios, é real e causa medo. A medicina insiste em informar que "ninguém morre com isso", mas morre com seus efeitos, sim! O ansioso, o depressivo, ele pode ter um surto psicótico e chegar ao extremo consigo mesmo.

A vontade de querer sair dos cômodos, do vazio da casa, de fazer com que a chave funcione e a porta se abra para uma vida nova é imensa, mas, sozinho, o indivíduo não consegue, e a única coisa que ele precisa é ser julgado, pelo contrário, isso só faz com que ele volte para o escuro e mantenha a chave emperrada.

O que fazer? Ajudar!

Como?

Depressão, ansiedade, síndrome do pânico, tudo isso tem tratamento, e o melhor tratamento é o apoio da família e dos amigos.

Para você, que passa por essa situação, deixo uma dica: não tenha medo de pedir ajuda. Vale a pena acordar os sentimentos que dormem nessa casa, sair do escuro, de saber qual voz escutar, preencher o vazio com coisas boas e pegar a chave da coragem e abrir a porta da felicidade.

Ninguém caminha sozinho nessa vida, estamos aqui de passagem, mas para fazer a diferença na vida do outro. Seja a luz para quem vê a escuridão como única opção de vida. Seja a chave que abre a porta para uma vida nova! Uma boa conversa, se colocando à disposição para ouvir, dando importância aos fatos relatados por ela (a pessoa) e mostrar que ela precisa de ajuda, de se ajudar, de ver que a vida segue seu fluxo, que o caminho deve ser seguido em frente e o que é preto ou cinza pode e vai ser colorido.