Bancada capixaba defende investigação de Temer - Jornal Fato
Política

Bancada capixaba defende investigação de Temer


 

Guto Netto
Jornalismo ADI/ES

 

No dia em que os advogados do presidente Michel Temer (PMDB) apresentaram a defesa do peemedebista à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, a maioria dos parlamentares capixabas adiantou que irá votar pela permissão de abertura de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) diante da denúncia de corrupção passiva apresentada pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.


Hélder Salomão (PT), Givaldo Vieira (PT), Sergio Vidigal (PDT), Jorge Silva (PHS), Carlos Mannato (SD) e Paulo Foletto (PSB) disseram que irão votar autorizando o Supremo a abrir inquérito contra o presidente.


Para Jorge Silva e Vidigal, a denúncia não deixa dúvidas. "O conteúdo da denúncia é técnico, bem construído e não deixa dúvidas de que o presidente deve ser afastado. Meu voto será pelo afastamento", disse o pedetista.


"Acho que (a denúncia) coloca o presidente Temer numa situação política e jurídica extremamente difícil. Pelo que eu li da denúncia, coloco-me sendo favorável ao acolhimento dessa denúncia aqui na Câmara", acrescentou Silva. 


Os petistas Hélder e Givaldo classificaram as denúncias como graves. "São denúncias graves sobre um presidente que não tem legitimidade do voto, nem aprovação e muito menos capacidade de continuar governando o país. Vou votar a favor da autorização", disse Givaldo. "As provas de corrupção estão cada vez mais explícitas e o governo ilegítimo de Temer perde aliados diariamente. Defendo o afastamento de Temer e eleições diretas. Só assim o nosso país vai voltar aos trilhos", falou Helder.


Enfrentando uma barreira partidária, Manato busca liberação para votar pela admissibilidade da investigação. "No partido, votei para dar continuidade no processo, mas fui voto vencido. Agora estou negociando para me liberarem para votar do jeito que eu quiser".


Para Paulo Foletto, que também é favorável à abertura de inquérito, o ineditismo do caso é preocupante, pois é a primeira vez que um presidente, no exercício do mandato, é denunciado pela justiça. "Isso, por si só, já é um agravante. Acredito que a denúncia procede e, mesmo com algumas defesas feitas pelo presidente, não convenceram", disse.
Único voto contrário a autorização para o STF investigar Temer, o deputado federal Lelo Coimbra, líder da maioria na Câmara, diz ainda ter dúvidas quanto a denúncia. "As avaliações que estão sendo feitas não apontam para relação estabelecida de maneira clara pela denúncia contra o presidente. Esse processo vem construído com muitas dúvidas no seu caminho, com nítida pessoalidade e politização do procedimento por parte de Janot".


Ainda sem definir seu posicionamento, a deputada Norma Ayub (DEM) disse que está analisando o conteúdo da denúncia apresentada pela PGR. Também indeciso, Marcus Vicente disse aguardar o relatório da CCJ e o posicionamento do partido.


O deputado Evair de Melo (PV) foi procurado através do telefone e de sua assessoria, mas preferiu não responder até o fechamento desta edição.


O advogado do presidente Michel Temer, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, declarou que Temer não cometeu crime e que a denúncia da Procuradoria Geral da República por corrupção passiva é baseada em suposições.

 

Denúncia


O presidente Michel Temer foi denunciado na semana passada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelo crime de corrupção passiva, com base nas delações de executivos da JBS. Além da condenação, Janot pediu a perda do mandato de Temer, "principalmente por ter agido com violação de seus deveres para com o Estado e a sociedade".

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