Ocupação Social chega ao interior - Jornal Fato
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Ocupação Social chega ao interior

Primeira etapa de implementação começa em sete bairros do interior em 2016


A primeira etapa de implantação do programa Ocupação Social começa a ser realizada em sete bairros do interior do Estado no começo de 2016. As características de cada região serão mapeadas por uma pesquisa de campo. O resultado vai orientar as ações que objetivam reduzir índices de criminalidade em locais com maior registro de mortes de jovens entre 15 e 24 anos.  O trabalho será feito em bairros de Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, São Mateus e Linhares.

O diagnóstico das comunidades será finalizado ainda no primeiro semestre do próximo ano. Trata-se da maior pesquisa já feita em regiões vulneráveis do Espírito Santo. "Nada tão amplo foi feito, que envolvesse e ouvisse as próprias comunidades. Nosso diagnostico será georreferenciado e todos os dados estarão disponíveis. Rua por rua, escadaria por escadaria. Monitorando tudo. Vendo onde há falta de luz, esgoto, coleta de lixo. Onde existe comércio. Tudo isso será marcado por GPS. As lideranças comunitárias serão ouvidas. Também queremos ouvir todos os jovens fora da escola", afirma o secretário de Estado de Ações Estratégicas, Evaldo Martinelli.

A pesquisa de campo que vai começar a ser feita no interior no começo de 2016, já foi iniciada em seis bairros da Grande Vitória no dia 16 de novembro. "Esperamos colher resultados já no final do ano que vem em todos os 24 bairros que vão receber o programa", planeja Martinelli. As comunidades serão envolvidas em todo o processo. Os moradores têm preferência para se candidatar para fazer a pesquisa, afinal, conhecem como ninguém o lugar onde vivem. Todos os bairros também serão georreferenciados - imagem e mapa vão localizar cada espaço.

O georreferenciamento fará o mapeamento do bairro, inclusive auxiliando na identificação das regiões com maior ou menor propensão de violência. "A violência não é homogênea no bairro. Nem no local, nem para o público do mesmo bairro", detalha Martinelli. Não por acaso, o programa trabalha em territórios determinados com foco nos perfis sociais com os maiores índices de vulnerabilidade.

 

 

Mudança de paradigma

Os moradores com maior vulnerabilidade são homens, com idade entre 15 e 24 anos. Eles representam 9% da população capixaba. A maior parte das vítimas não estudava ou trabalhava. "São cerca de 15 mil jovens nesse perfil", estima o secretário de Estado de Ações Estratégicas, Evaldo Martinelli. Levando em conta tais características, os programas do projeto Ocupação Social irão aceitar adolescentes que deixaram a vida escolar.

"Todos os projetos vão aceitar jovens fora da escola. Isso não existia desde então nos trabalhos existentes. Só aceitavam meninos que comprovassem matrícula. Claro que faziam isso na melhor das intenções. Mas, se exigirmos essa comprovação escolar, não vou atingir os jovens fora da escola", explica o secretário.

O índice de desemprego nesse perfil é de 40%. Mesmo assim, de acordo com Martinelli, os programas para esse público estão sendo criados do zero, pois não existiam experiências ou ações estruturadas nesse sentido. "Não havia sequer o que copiar", brinca.

 

Gargalo

Além da criação de programas ligados ao interesse dessa faixa etária, existe o objetivo de datar quando esse jovem sai da escola e entra nos índices de maior risco social. "Esse jovem começa a sair da escola com 10 anos", estima Martinelli. Por isso, programas de reforço escolar na turma do segundo ciclo do ensino fundamental estão sendo desenvolvidos com o apoio da Secretária de Educação (SEDU). O objetivo é manter os alunos na escola. "Temos que colar nessas turmas. Essa torneira que gera a vulnerabilidade dos meninos mais velhos precisa ser estancada" reforça o secretário.

 

 

Sete bairros do interior na lista do programa

 

Os 24 bairros com maiores índices de homicídios foram selecionados para o programa Ocupação Social. Sete deles estão no interior. A confirmação dos locais já pré-definidos ainda vai levar em consideração o georreferenciamento (que localiza com exatidão os pontos de homicídios). Além disso, o início das ações vai depender do envolvimento dos moradores. Os bairros pré-definidos para receber o programa são:

 

Aviso e Interlagos, em Linhares;

Bela Vista e Ayrton Senna, em Colatina;

Vila Nova e Bom Sucesso, em São Mateus.

Zumbi, em Cachoeiro de Itapemirim.

 

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