Criatividade em madeira de lei - Jornal Fato
Cultura

Criatividade em madeira de lei

Carlos Augusto Sardenberg, o ?Gute?, faz da marchetaria passatempo e busca por qualidade de vida


Mogno, Cerejeira, Jacarandá Violeta e Roxinho são as matérias-primas que o artesão Carlos Augusto Sardenberg, o "Gute", empresário do setor hoteleiro de Cachoeiro de Itapemirim, transforma em caixas, potes e outros modelos de decorativos da marchetaria (arte de ornamentar as superfícies planas de móveis, painéis, pisos, tetos, através da aplicação de materiais diversos).

 

O começo de tudo foi há 42 anos, em Manhumirim, Minas Gerais, onde o artista residiu e aprimorou os estudos. "No final da década de 60, montei uma pequena carpintaria para passar o tempo e comecei construindo gaiolas, até chegar à criação desse estilo de arte que faço hoje", contou.

Gute afirma que seu trabalho é 'ecologicamente correto' e toda a madeira que usa para compor as peças é doada por donos de fazendas, pequenos sitiantes e empresários do setor madeireiro.

Do número de obras produzidas, ele já perdeu as contas. Mas, afirma que mais de 200 objetos de adorno foram vendidos para países da Europa e Estados Unidos.

"Nos primeiros anos da Feira Internacional do Mármore de Cachoeiro, muitos empresários se hospedavam no nosso hotel e conheciam o trabalho. Ao final do evento, sempre alguém levava peça como recordação da cidade e do país", comentou.

Gute critica a falta de atenção do poder público para com os artesãos que, em muitos casos, fazem do seu trabalho um complemento de renda, ou mesmo de subsistência. O sonho do artista é uma feira de artesanato permanente na Praça de Fátima, na avenida Beira Rio, que pudesse abrigar toda a rica produção cachoeirense em seus diversos estilos.

Voltando ao seu trabalho, o artesão explica que está numa fase de desenhos geométricos esculpidos à base de torno. "Já passei por períodos da estética de flores, paisagens, castelos, entre outros. Tudo depende da inspiração de momento. Nas lâminas de madeira, impermeabilizadas com verniz marítimo, a arte da transformação dá vida aos objetos", explicou.

Aos 80 anos, o empresário vê no artesanato uma forma de passatempo e da utilidade do indivíduo. "Gostaria que minha dedicação pela arte pudesse servir de incentivo para outras pessoas, pois isso representa qualidade de vida e preenchimento da cabeça, principalmente, mas não necessariamente, no caso dos idosos. O que vale é viver o hoje e pensar no futuro. O passado foi uma escola que ficou para trás", ensina Gute.

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