Pó de mico - Jornal Fato
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Pó de mico


Ouvimos sempre reclamações de que Cachoeiro não oferece atrativos culturais. No entanto, não são poucos os talentos que encontramos vez em quanto.

 

Então, o que nos falta?

 

Acho que mais atenção dos mandatários políticos "distraídos"; e sempre constatado o desinteresse deles para com a "prata da casa". E são os mesmos que gastam boas e invejadas cifras com "artistas de fora" que às vezes nem se igualam aos talentos locais. Alguém menos discreto já comentou que, certamente, esses "forasteiros" aceitam assinar recibos de valores acima dos realmente pagos. Vinha, chegava, cantava, tocava, falava e voltava sem comentar o real valor recebido. Coisas da política, alguém me diz, talvez sem perceber o prejuízo dos Cachoeirenses, em todos os sentidos. Eles poderiam, sabemos disso, receberia o mesmo valor pago ao forasteiro e nós saberíamos, mais cedo ou mais tarde, se houve sacanagem. Cachoeiro tem, desse tipo, estórias e mais histórias, como já tivemos a oportunidade de ouvir e fingir que não acreditamos.

 

Será verdade? Será mentira? Não sei pois são poucos os que sabem.

 

Por quê nossos artistas não têm preferência? Ou, quando têm, são valores ínfimos, que denunciam o verdadeiro desinteresse de valorizar a "prata da casa". Estivemos Secretário alguma vez e fomos demitidos por não querer pagar aos empresários de fora valores ignorados mediante a ausência de contrato anterior e nenhum recibo apresentado com valores menores que os contratados no papel.

 

Bom, isso não interessa mais. Quero apenas dizer que hoje, como sempre, Cachoeiro tem seus artistas, músicos, pintores, escritores, teatrólogos, e cantores de alto coturno que não podem viver às custas de seu talento. Mas há sempre um dinheiro para artistas de fora. Por quê? E eu vou saber? Sei apenas que temos nossos artistas e já disse também que se Raul Sampaio não emigrasse não teria o valor que colheu, se Roberto Carlos não tivesse migrado para o Rio de Janeiro, estaria hoje tocando e cantando em momentos de festa, em noitadas de algum botequim, pois não temos, oficialmente, dinheiro para incentivar nossos artistas, mormente os músicos e cantores.

 

Bom, desculpem estas reclamações inúteis. Mas foi isso que pensei, no segundo sábado de cada mês, quando encontrei no histórico salão do velho Mercado Municipal, um grupo musical enchendo os ares com sambas, choros e outros ritmos, além dos cantores já consagrados por nosso bom povo. Eles atraíam os passantes, já cercados dos amigos, parentes e conhecidos, poucos, que prestigiavam o simplório exemplo de amor à música, atraindo fregueses passantes e amigos solícitos. Nenhuma autoridade, para atrapalhar, eu acho. E o talento de todos e cada um atraíam mais e mais curiosos, que iam ficando, entre um chope, um guaraná ou mesmo uma discreta "pinga", além do vasto repertório de nossa boa música, dos morros ou do asfalto, mas sempre encantada aos ouvidos do povo.

 

E ali estão eles, todo segundo sábado do mês. É o já conhecido nosso apreciado grupo intitulado "Pó de Mico", integrado pela modéstia talentosa, pelo amor à música, pela alegria de poder mostrar seu talento e ver os amigos chegando, aplaudindo e constatando que temos aqui os amantes da boa música, vivendo para o nosso povo. O Grupo é integrado pelos músicos Ney (violão), Renê (no cavaco), Ronaldo (na flauta), Amarildo (surdo), Giovani (no pandeiro) e José Geraldo no violão pesado.

 

Ah, sim! E os cantores? Isso também temos em profusão, embora nem todos possam comparecer todas as vezes. Mês passado lá estive e fiquei, entre jovens, adultos e idosos, homens e mulheres, velhos e moços e, lógico, moças bonitas - afinal, estamos em Cachoeiro, terra das mulheres mais lindas que se pode desejar! Graças a Deus! Eu chegara a tempo de apreciar as turmas de moças e mulheres bonitas, antigas paqueras, algum cotovelo inchado, e os cantores, com destaque DAS CANTORAS, já consagradas aqui e noutras plagas, a exemplo das presenças obrigatórias das já consagradas Cláudia Léssi, Lucineide Moreira, mais Angélica e outros vocais, que não esperei, infelizmente, tendo de sair logo. Mas valeu o domingo.

 

Neste sábado, teremos mais. Você não pode deixar de comparecer. Vou estar esperando! Para aplaudir os nossos talentos.

 


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