Para nós da língua portuguesa são as borboletas de hábitos noturnos, por isso mesmo, uma conotação negativa. Usamos, muitas vezes, para denominar a prostituição feminina. Para os espanhóis significam todas as borboletas, sem distinção de hábitos diurnos ou noturnos. Gabriel Garcia Marques - Gabo, quando descreveu sua cidade mágica - Macondo, para ilustrar a beleza, amores e paixões, utilizou as "mariposas amarillas". Elas parecem pertencer ao nosso universo mágico, fazem parte de nossas vidas naturalmente, há milhões de anos. Não só Gabo, na literatura, utilizou-se das cores e beleza das mais de 260.000 espécies de mariposas/borboletas. Na poesia, contos, romances e crônicas também se utilizaram Shakespeare, Neruda, Cervantes, Gabriela Mistral, Rubem Braga e textos bíblicos. Atualmente, os publicitários e decoradores. Sua influência entre os humanos já se observava em pinturas rupestres egípcias, indígenas latino-americanos e cavernas pré-históricas.

 

Além do valor poético e cultural, elas se encontram dentro do grupo de insetos que indicam a qualidade dos ecossistemas e do meio ambiente. Elas se modificam com as transformações climáticas. A temperatura do seu corpo é fortemente condicionada pela temperatura do ambiente. Onde existe riqueza de mariposas/borboletas existe riqueza de outros invertebrados e variedades de plantas. Uma riqueza de vidas e biodiversidade. Um habitat saudável. Mais: além de influenciar a poesia, cultura e biodiversidade, serve diretamente à área da educação, economia... Na saúde garantem a qualidade de vida e dos seus produtos químicos e biológicos temos a produção de quimioterápicos para combate aos quadros infecciosos humanos. Na investigação ambiental observamos seu comportamento e obtemos informações na sua mudança corporal. Assim, conhecemos melhor nossa biodiversidade, evolução genética, ecossistemas.

 

Mas, é no aspecto emocional/filosófico que a observação do comportamento, formação e desenvolvimento das mariposas/borboletas se destacam. Sua metamorfose é emblemática, ilustrativa e instrutiva à vida humana. Quando crisálida - estado intermediário, larval, ainda no casulo, no seu esforço de fortalecimento das asas, no preparo para o voo, quando da sua liberação, neste momento e estado, que temos os maiores ensinamentos para a vida. Ao observar o casulo, e comparando a um ninho humano de pais e filhos, nesse instante de fortalecimento das asas, os pais podem ensinar aos filhos que, para voar necessitamos dos esforços da aprendizagem.

 

Na economia as mariposas/borboletas se apresentam nas produções de medicamentos e na indústria do turismo. Em busca do conhecimento dos seus componentes químicos e biológicos, da beleza e variedades de suas cores e seus vários ecossistemas, as migrações humanas são constantes e cada vez maiores. Com certeza as borboletas/mariposas do Itabira inspiraram Benjamin Silva, nosso poeta, ele escreveu: "Diz a lenda - uma lenda que espalharam / Que aqui, dentre os antigos habitantes, / Houve um Frade e uma Freira que se amaram.../ Mas que Deus os perdoou lá do infinito / e eternizou o amor dos dois amantes / Nessas duas montanhas de granito."