Je suis hypocrite - Jornal Fato
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Je suis hypocrite


Na semana passada, só se falou no atentado ao jornal Charlie Hebdo, na França, onde morreram 12 pessoas e 11 ficaram feridas, numa clara afronta à liberdade de imprensa, de expressão, enfim, à democracia. De imediato, a França foi tomada por manifestações contrária ao terrorismo. Uma verdadeira aula de patriotismo - fico imaginando se fosse na França o escândalo da Petrobras; eles colocariam fogo no País.

 

Sobre os atentados, a presidente Dilma Rousseff soltou uma nota "condenando" mais essa "afronta à liberdade de expressão". Acontece que, a mesma presidente da República que ocupou a tribuna da Organização das Nações Unidas (ONU), no final do ano passado, para defender que o mundo deveria "dialogar" com os radicais islâmicos que estavam cortando gargantas de jornalistas, agora tem a cara de pau de divulgar nota oficial "lamentando" o atentado terrorista ao jornal Charlie. Ela só pode tá de sacanagem.

 

Esse tipo de atentado, lá na França, é uma "afronta à liberdade de expressão", mas, e o atentado à Editora Abril, que publica a revista Veja, ocorrido em outubro do ano passado, e executado pelo PT e simpatizantes, como retaliação pela revista ter publicado na véspera da eleição presidencial uma reportagem mostrando que Lula e Dilma sempre souberam da roubalheira na Petrobras? Também não é uma afronta à liberdade de expressão? Tudo bem que ninguém morreu, mas não deixa de ser um atentado, uma intimidação a um meio de comunicação - um dos poucos veículos de comunicação livres, independentes que ainda restam neste País. 

 

Não. Dilma Rousseff, a Rede Globo e outras mídias mercenárias não estão preocupadas com o ataque à liberdade de expressão, nem na França, nem no Brasil. Afinal, seu partido, o PT, vem tentando, desde que assumiu o poder em 2003, fazer exatamente o mesmo que esses radicais islamitas: calar e imprensa nacional. Ainda que não seja com bombas. Neste caso, a arma que vem sendo usada são os cofres públicos.

 

De mais a mais, Dilma somente se pronunciou sobre o massacre terrorista ao jornal Charlie Hebdo após apelo desesperado do embaixador da França no Brasil, Denis Pietton. Enquanto todo o mundo condenava o atentado, o Brasil silenciava. Somente após a cobrança de Pietton saiu a tal nota oficial do governo brasileiro.

 

O cientista político egípcio Hamed Abdel-Samad, em entrevista à revista Veja desta semana, disse o seguinte: "Só um ingênuo pode achar que um grupo como o Estado Islâmico pode ser derrotado com diálogo...". Como sou um pouquinho mais radical nas palavras, penso que só um idiota ou um (também) terrorista acha que o diálogo é o caminho para derrotar esse tipo de gente, como defendeu na ONU a presidente da República do Brasil.

 

Portanto, infelizmente, a Excelentíssima presidente e todos os outros comunistas de plantão não podem declarar - como o mundo todo declarou - Je suis Charlie (Eu sou Charlie). Para Dilma, o PT e demais comunistas a frase mais apropriada seria: "Je suis hypocrite" (Eu sou hipócrita). Soaria mais autêntica.


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