O apartamento tríplex na área mais nobre do Guarujá, em São Paulo, que está dando a maior dor de cabeça no ex-presidente Lula - e que, muito provável, o levará para a cadeia, onde, aliás, já deveria estar desde 2005 - já foi bastante comentado, nacional e internacionalmente. Mas é assunto que não sai de moda.

 

Há muito o que se explicar sobre esse "presentinho" que recebeu da empreiteira OAS. A "alma viva" mais honesta deste país poderia apresentar os documentos de compra do imóvel, e pronto. Mas, ao invés disso - e como sempre o fez -, se diz "perseguido", e ameaça processar todo mundo, já que não tem argumentos para contrapor aos fatos.

 

Os fatos são teimosos em desmentir o ex-presidente Lula, que subestima a inteligência alheia. Lula há muito vem passando a ideia de que é uma pessoa que merece tratamento diferenciado da Justiça. Ele já tinha usado esse mesmo argumento para o senador José Sarney, quando Sarney se envolveu em escândalos durante seu governo, o outrora defensor da moral e dos bons costumes, a "alma viva mais honesta" do Brasil tratou de defende-lo e invocar um tratamento diferenciado para Sarney. Segundo Lula, Sarney "não poderia ser tratado como uma pessoa comum". Ou seja, Sarney estaria acima da Lei. Alí a "alma viva" mais honesta já plantava o embrião de que ele, Lula, também estaria acima da Lei. Por isso que agora ele diz que as investigações que o cercam são "abusos" da Polícia Federal - quando abuso e afronta é ele dizer uma coisa dessas.

 

Só que no Brasil nem todas as instituições estão aparelhadas pelo PT. Ainda há gente na Polícia Federal, no Ministério Público e na Justiça que interpretam a Constituição e demais leis como sendo "igual para todos". E são esses policiais, promotores e juízes que ao interpretar a lei com equidade, estão defendendo as almas vivas realmente honestas deste país. Estão defendendo a dignidade daqueles que são roubados por essas "almas vivas" mais desonestas da face da terra. São esses profissionais que ainda nos dão esperança.

 

No caso do tríplex do Guarujá, que envolve a falida Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), Lula pode tentar falsificar a história - ou os documentos. Mas, não tem jeito. Tem 500 pessoas que foram lesadas nessa cooperativa. Portanto, são 500 testemunhas contra a "alma viva" mais honesta.

 

A Bancoop foi criada em 1996, e quebrou em 2006, durante o governo Lula. A Bancoop foi presidida pelo tesoureiro do PT, João Vaccari, que já está preso na Lava a Jato. Quando quebrou, Lula pediu à OAS - empresa que está com seu presidente preso por envolvimento no petrolão - que assumisse a responsabilidade de construção e entrega dos imóveis que ficaram inacabados. E é justamente aí que está o problema, pois três grandes empreendimentos viraram museus. São esqueletos de imóveis - já quitados, frisa-se - que deixaram cinco centenas de vozes clamando pelas chaves.

 

E por que a Bancoop quebrou? Simples: o Ministério Público em São Paulo descobriu que os cofres da cooperativa foram escancaradamente roubados. Volumes milionários de saques eram feitos por meios de cheques emitidos pela Bancoop a si mesma. E os destinatários desses milhões eram seus dirigentes, o diretório nacional do PT e um ex-segurança de Lula, Freud Godoy.

 

Com a falência da Bancoop, centenas de famílias foram lesadas, mas o tríplex da família de Lula a OAS entregou - e ainda gastou 800 mil reais em uma reforma no imóvel. Só que devido às investigações, as chaves desse tríplex podem acabar abrindo as portas da cadeia para Lula. E que assim seja, pois para a banda boa da PF, MP e Justiça, a lei é igual para todos. Por isso: "Japonês da Federal" nele!