Diploma para Vereador!!!??? - Jornal Fato
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Diploma para Vereador!!!???


 

Eu até poderia ficar calado, alguns acham que eu deveria ficar calado, mas não vou. Um comentário dos mais recorrentes, principalmente em época de campanhas eleitorais, é a afirmativa de que candidato a Vereador, no mínimo, deveria ter diploma de nível superior, já que - suponho assim entendam - só quem tem curso superior tem capacidade de nos representar e legislar.

 

Como tenho diploma de curso superior - aliás, da primeira turma da cinquentenária Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim - só teria a ganhar ao me omitir sobre a afirmativa, mas sempre disse e vou repetir: - Diploma de nível superior serve para provar o nível superior; cargo de vereador dispensa o atributo, vez que o que se espera de um vereador, ou do ocupante de qualquer cargo político, é ter decência, responsabilidade e respeito pelos eleitores.

 

Quem fizer trabalho de levantamento sobre políticos corruptos recentemente cassados, presos ou em vias de ser, verá que bem mais de 90% deles tem diploma de nível superior, mas não vejo os defensores do diploma de nível superior para políticos explicarem essa estatística. Não vi, não vejo, não verei.

 

No decorrer da campanha eleitoral para vereador em Cachoeiro, na qual me elegi com 1004 votos, descobri coisa importante, muito importante, a propósito do diploma de nível superior: - o candidato de nível superior não é dado a andar a pé, no dia a dia, já que junto com o diploma quase sempre lhe vem, como anexo, um automóvel, do mais simples ao mais caro. Já o candidato sem diploma quase que sempre não tem seu carrinho, anda a pé e acaba por descobrir que a cidade de Cachoeiro tem sérios problemas de acessibilidade - os mais velhos e os com deficiência física estão caindo e tropeçando à vontade nas calçadas, nas nossas criminosas calçadas.

 

E este portador (eu) de velho diploma de quase 50 anos, só viu isso com o depoimento de um eleitor e ao andar pelas ruas centrais da cidade. É que candidato que não anda na rua não ganha voto e sujeita-se a perder a eleição, tenha ou não diploma superior.

 

O depoimento do eleitor, o Dr. Douglas Danzi, que é cadeirante, mais que depoimento, foi puxão de orelha neste cronista e vereador: - é que entre minhas prioridades como candidato não estava a acessibilidade aos idosos e aos que não tem os movimentos normais. Digo "não estava" entre as prioridades, porque agora está, não só pelo puxão de orelha do Dr. Danzi; também pelos "topadas" que dei nas ridículas e indecentes calçadas e olha que só transitei a pé entre o Bairro Independência e a Praça de Fátima. Fiquei a pensar com os botões da blusa, o que serão as calçadas nos bairros das pessoas que não têm diplomas de nível superior?

 

Enfim, representar o povo é mais que portar diploma de nível superior e minha experiência legislativa - já a tive antes -, me leva à conclusão de que vereador diplomado pode ser menos do que vereador sem diploma - e nem falo dos que estão ou mereciam estar na cadeia.

 

... e a gente não viu

 

 

As fotos ao lado, ambas na Praça Jerônimo Monteiro, frente ao Café Mourads, mostram bem o que são os sonhos humanos; sonhos, sim, humanos sim. São fotos de julho de 2016 (com a planta viçosa) e de 15 de outubro corrente (já sem planta).

 

Um dia, quase fizemos um movimento para tirar as arvorezinhas dali, transplantado-as para os pés do Itabira, para salvá-las; sonho o qual sonhara também nosso Jorge Penha, que nos deixou um pouco antes da planta.

 

Como tudo ou quase tudo em nossa vida, apenas sonhamos e não transformamos nossos sonhos em realidade. A pequena árvore foi cortada rente ao chão, para não deixar marcas; alguém achou que eram ervas daninhas que deveriam ser retiradas como se varre lixo.

 

E a gente viu esse sonho ir embora, ir embora com a pequena árvore que nascera ao lado de homens que têm sonhos, mas não os realizam.

 

Não creio seja sonhar em demasia


(O texto abaixo foi publicado em março de 2012. Como dizem João Bosco e Aldir Blanc (música "A nível de", cantada pelo MPB4),"continua a mesma bosta", mas a partir de janeiro de 2017 estou na tocaia. Me espera aí, Victor Coelho).

 

Na última sexta-feira, fiz palestra na Escola Florisbelo Neves, para uma turminha muito interessada (uns vinte alunos, entre 12 e 17 anos). Falei sobre o dia 25 de março, dia da cidade; sobre o Professor Florisbelo e sobre Bernardo Horta, o maior homem público de Cachoeiro em todos os tempos, só comparável a Jerônimo Monteiro, mas esse fez carreira fora de Cachoeiro.


Ao término da palestra, uma professora me perguntou por que é que Cachoeiro não tem um museu e as "coisas" da História da cidade estão nas mãos de particulares. Respondi à professora que o que for parar em órgão público em Cachoeiro, sendo material histórico, ou é roubado ou é destruído (não estou falando de nenhuma administração em particular, estou falando de todas). Cheguei a comprar revistas antigas de "seo" Newton Meirelles (aquele que DOOU a Ilha do Meirelles para Cachoeiro) de quem as achou no lixo ou as roubou, depois que os parentes deles as doaram para a Prefeitura. Os livros dele, também doados ao Município, não sei aonde foram parar.


Agora que vem prefeito novo por aí, poderíamos conseguir que, ao tomar posse, se comprometesse a DEVOLVER IMEDIATAMENTE O ANTIGO COLÉGIO BERNARDINO MONTEIRO À CULTURA E À HISTÓRIA DA CIDADE, o que poderia acontecer logo no início de 2013 (fevereiro), quando o prédio completa 100 anos de inaugurado.


Com o prédio tendo a histórica destinação de volta, o prefeito futuro haveria de se comprometer a, também, criar FUNDAÇÃO CULTURAL com quadro de servidores estáveis, permitindo, assim, que particulares pudessem doar o que guardam da História para a Fundação, em razoável esperança de que não seriam roubados.


Cachoeiro tem um dos maiores tesouros de antiguidades e objetos históricos que poucas cidades têm. Basta ver a quantidade de fotos antigas que circulam no FACEBOOK.
Eu mesmo, com esses cuidados de um órgão oficial da cultura com quadro estável de pessoal, o que dá certa garantia de que o material histórico não será roubado, não teria dúvida em doar a "Coleção Gil Gonçalves" de fotografias (claro, se a família autorizar), a impressora histórica do Correio do Sul (minha e de Paulo Thiengo), alguns livros esgotados e raros sobre Cachoeiro, o jornal O CABOCLO, de 1902 (de Narciso de Araujo e de Athayde Júnior, com autógrafos deles), a coleção dos dois primeiros anos do CORREIO DO SUL, que estão comigo e tem as primeiras matérias de Newton e de Rubem Braga, além dos mais de 50 anos encadernados do mesmo jornal, que são de Paulo Henrique Thiengo, que também não se furtaria a doar, desde com garantia mínima de que não vão ser roubados.


Aí poderei dizer à professora do Florisbelo Neves, na próxima vez em que for lá, que Cachoeiro tanto tem documentos históricos, e muitos, como estão à disposição da população, dos estudiosos e dos estudantes, tudo microfilmado, tudo postado na internet, etc. etc. etc.


Não creio seja sonhar em demasia. Mas é preciso campanha para que o futuro prefeito não se acanhe e faça Cachoeiro retornar aos antigos trilhos da antiga Atenas Capixaba.


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