Shopping tem 20 lojas fechadas, mas nega crise - Jornal Fato
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Shopping tem 20 lojas fechadas, mas nega crise

Com capacidade ociosa e pouco movimento de clientes, Shopping Cachoeiro procura se reposicionar no mercado


 

 

A crise econômica é uma realidade. Cachoeiro de Itapemirim, que abriga diversos empreendimentos e oferece variada gama de serviços para a toda região sul do Espírito Santo não ficou fora. O Fato visita os três maiores centros comerciais da cidade para conferir como está o funcionamento de cada um deles, neste período. A começar pelo primeiro shopping center sul capixaba, que abre a série dominical. 

Pioneiro no ramo, o Shopping Cachoeiro já foi o ponto comercial mais movimentado da região. A localização privilegiada, no centro da cidade, deixa visível o grande número de lojas fechadas.

A administração, no entanto, diz que a rotatividade é comum em empreendimentos comerciais. Alega que muitas lojas apenas trocam de pontos dentro do shopping. "Quando um lojista decide mudar de ponto, sempre tem outro interessado. Em alguns quesitos, existe uma lista de espera. Como o salão que mudou de administração, recentemente", explica a síndica Fabiola Bonadiman.

Ainda segundo a administração, o empreendimento não sente a crise como outros, por ser movimentado pelos consumidores impulsivos, ou seja, por aqueles que passam pelas lojas e decidem comprar, mesmo quando não estavam planejando. "A compra por impulso sofre menos com a crise", acredita Fabiola.

 

Concorrência

Além da instalação de cinemas em cidades vizinhas  - o shopping por muitos anos foi o único a ter salas em funcionamento na região-, só em Cachoeiro, dois grandes centros comerciais foram inaugurados e outros estão em construção, anos depois do pioneiro Shopping Cachoeiro.

"Na minha percepção, vários fatores influenciaram para a diminuição do número de consumidores no Shopping Cachoeiro. A inversão do trânsito na Rua 25 de Março, a abertura de outro shopping e a falta de atenção em alguns quesitos atrapalham. Hoje, por exemplo, não tem muitas opções na praça de alimentação", explica o lojista Carlos Alberto Prucoli, que está desde 1999 no shopping.

Fabiola, que assumiu a posição de síndica há pouco tempo, ressalta que as opções serão ampliadas na praça de alimentação e que um planejamento está sendo realizado para promover eventos, como o que ocorreu no Dia dos Namorados e, assegura, teve resultado positivo.

"Estamos em negociação com alguns restaurantes e pizzarias para ampliar a oferta na praça de alimentação. Além disso, em datas comemorativas teremos programação especial para nossos consumidores".

Dos 72 pontos de lojas, incluindo quiosques, 49 estão ocupados, mas alguns já estão com datas para fechar as portas, como é o caso da Mr. Sea e Metal Nobre Desire. As duas lojas encerarão suas atividades no shopping, mas funcionarão em outros lugares.

"Todos esses pontos já estão praticamente acertados com outros lojistas. A procura para abrir lojas no shopping é grande, porém, toda negociação é feita diretamente com o dono do ponto", explica Fabiola.

 

Queda

O empresário Carlos Roberto Prucoli, que tem sua loja no segundo piso do Shopping Cachoeiro e irá transferir seu ponto para o primeiro,  conta que a queda nas vendas é recorrente desde 2013, quando houve redução de 10% do total anual das vendas em relação a 2012.

Quando ele compara com a loja fora do empreendimento, a arrecadação é ainda mais prejudicada.  "Em 2014, que foi um ano difícil para todo mundo, eu detectei uma queda de 25% do total anual das vendas em relação a 2013 na loja do shopping. Já a loja externa, a queda foi de apenas 5%."

 

Melhora

Para o lojista, Adalton Moulin, as vendas não foram afetadas. Inclusive, já percebe  melhora. "Este ano, nós sentimos queda maior se comparar com outro ano, mas, nos últimos meses, já está melhorando".

Outra lojista que não sofre com lojas vazias no shopping e continua com o seu faturamento é a empresária Rose Scarpi. "O que acontece aqui é geral. Está acontecendo no país todo. Temos que buscar alternativas e trabalhar. Da crise, a gente tira o 'S' e fica com o crie".

A cliente Marcia Guidi sempre faz suas compras no centro comercial, mas ressalta que a unidade precisa analisar maneiras de conquistar mais movimento. "Sou cliente do Shopping Cachoeiro desde a inauguração. Comprava em várias lojas e continuo comprando. Só acho que poderia voltar alguns incentivos que tínhamos para o consumo."

 

Atrativos

O prédio que disponibiliza 98 salas comerciais, espalhadas pelos sete andares acima das lojas, garante o movimento dos consultórios médicos, odontológicos, de advogados, fomento mercantil, conserto de celulares e outros. O auditório da unidade também está com a agenda cheia de reservas.

O estacionamento, que comporta quase 200 veículos, continua movimentado, mas, algumas vezes, por motoristas que não são consumidores diretos do shopping. "Sempre que vou ao Centro deixo o carro lá. Ele tem o valor mais em conta que outros estacionamentos. É mais seguro e ainda tem sombra", afirma a psicóloga, Mary Karoline.

Para a síndica, a informação é positiva. "Como o Shopping é movimentado pela compra impulsiva, todos que deixam o carro em nosso estacionamento são consumidores e podem acabar gastando mais em nossas lojas", analisa Fabiola.

 

Rumo

O Shopping Cachoeiro tem 20 anos de funcionamento e, atualmente, passa por reforma, além de reformulação administrativa, comum no mercado coorporativo para reposicionamento no mercado.

O estabelecimento, quando inaugurado, alterou a rotina da cidade, valorizando os bairros vizinhos e atraindo o público. O shopping já atendeu mais de 300 mil pessoas/mês. Hoje, procura um novo rumo.

 

Bruna Hemerly

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