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Não sei precisar quando comecei a ir na Adega, mas faz muito tempo


- Foto Divulgação

Não sei precisar quando comecei a ir na Adega, mas faz muito tempo. Acho que a primeira vez fui levada por minha amiga Célia Ferreira, e isso já deve fazer uns 20 anos, embora seu Antônio jure desde 1990 que a Adega tem 15, comemorados sempre com uma bela panelada de péla égua. E já nessa época eu já gostava de ouvir as conversas sempre acompanhadas do excelente humor do dono do lugar, que nunca deixa uma mesa sem uma boa história.

E aí, por coincidência, acaso ou destino, não foi na Adega que conheci Filipe, mas confesso que ali construímos uma parte da nossa história, com amigos, cerveja, episódios pitorescos, conversas que vararam a madrugada e fizeram com que nos conhecêssemos melhor. Não há dúvidas da importância do local na nossa história, onde, inclusive, recebemos os amigos mais chegados quando resolvemos dar o passo mais importante de nossas vidas, que foi o nosso casamento, com a benção, o carinho e o sorriso de Seu Antônio, que, mesmo tentando disfarçar, ficou emocionado em participar desse momento com protagonismo.

Dizem por lá que a Adega mais separa que junta, mas estamos aí eu e Filipe para provarmos que não é bem assim que funciona. Que lá é casa de portas abertas com ambiente respeitoso e familiar. E ai de quem sair da linha. O vascaíno fica bravo. Foi ali que firmamos também amizade com Solange, esposa de seu Antônio, onde seus filhos foram criados subindo e descendo as escadas de casa para o bar e vice-versa e onde nos deparamos de vez em quando com a linda Isabel, a netinha que de vez em quando vem a Cachoeiro visitar os avós. Por essas e outras é que por ali nos sentimos em casa.

Depois da pandemia, que ainda não acabou, mas que amenizou com o advento da vacina, e isso não tem como negacionista debater, porque o mundo está aí como o grande laboratório, comprovando que é verdade, hoje a Adega funciona timidamente às quartas e quintas, o que acabou atrapalhando um pouco minhas idas, já que durante a semana durmo cedo porque cedo começo a lida. Mas não dá para lutar sempre com a hora e dia desses dei uma aparecida por lá. Deu saudade. E tivemos a honra de dividir a mesa com seu Antônio porque se não for para ouvir o que ele tem a dizer a gente nem vai.

Ele contou um pouco da sua história em Irupi, falou sobre os tropeiros e de como descobriu seu dom de vendas. Falou da revolta das águas e do eixo da terra. De como essa moda de construir píer para conter o avanço do mar só leva o problema um pouco mais pra frente, para a próxima praia. De quem criou o sabonete Francis e como ele se mantém no mercado apesar de não ser dos melhores. De como ele gosta de geografia e sabe um pouco de história, mas sabe também de engenharia, gastronomia e astronomia. Que tomou a terceira dose da vacina e que perdeu algumas pessoas queridas. Que gosta de Marataízes, de Iriri e contou muitas histórias de Isabel. Por fim, pagou a saideira. Pagamos a conta e voltamos para casa felizes e com um pouco mais do conhecimento que ele, generosamente, faz questão de compartilhar.

Obrigada, seu Antônio. Ainda temos muito o que compartilhar nessa vida. E comemorar muitos anos dessa união que segue sob o olhar e as bençãos do senhor, que tão gentilmente acompanha e faz parte dessa história de amor.

 


Paula Garruth Colunista

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