O dedo de Ricardo é poderoso

Administrar a cidade, por vezes, fica até mais fácil que conciliar interesses políticos. Mas podem ter certeza que o dedo de Ricardo estará o tempo todo orientando Ferraço

24/10/2024 08:59
O dedo de Ricardo é poderoso /Foto: divulgação/MDB

Os novos prefeitos não sofrerão apenas com os problemas da cidade sob o ponto de vista urbanístico ou outros afins, mas, sobretudo, com a sofisticação da violência que grassa pelo país. A imprensa anunciou ontem que facção dominou 13 presídios e sofisticou golpes pelo celular. A investigação da polícia revela que presos da facção contra o Povo de Israel usavam aplicativos para disfarçar o número do celular usado nos golpes e, de dentro da cadeia, passavam-se até por funcionários da Anatel e de bancos. Em dois anos foram apreendidos quase sete mil celulares com bandidos no presídios. Isso atinge todo o país.

Ora, por que digo isso? Porque, com a experiência adquirida no serviço público, a gente aprende que tudo que acontece na cidade ?a culpa é do prefeito?. E não se trata de força de expressão. A gente chega a ter pena da ?mãe do prefeito? ... Ferraço tem que se preparar porque, antes, nos velhos tempos, esses problemas não batiam na porta do prefeito. Hoje, como parecem incontornáveis e em número crescentes, o prefeito está mais perto do que o governador e presidente da República.

Ferraço já colocou seus velhos amigos administradores numa espécie de transição. A partir daí, pelo que vejo, poderá traçar as primeiras metas, levando em relevância suas promessas de campanha. Isso, é claro, pautado pelas eleições futuras, daqui a dois anos. Partindo desse princípio, estará organizando seus futuros apoios. Duas candidaturas estão dentro de casa: Ricardo Ferraço ao governo do Estado; Norma Ayub, para a Assembleia Legislativa. Esse é o eixo de onde partem os olhares mais agudos.

Claro que é uma tarefa delicada. Quais serão os adversários do prefeito?  Os perdedores da eleição? Outros candidatos novos?  Apenas um exemplo: você, leitor, acredita que o candidato Diego Libardi deixará de ser candidato a deputado estadual?  Qual o futuro do prefeito Victor Coelho? De Lorena Vasques? E os dois deputados deixarão de pleitear a reeleição?  Ou apoiarão Diego para federal?  Claro que são ensaios ralos e superficiais. Mas o resultado das eleições poderá mostrar um quadro mais, digamos, palpável...

Ferraço, por óbvio, além de seus projetos, a herança deixada por Victor, pensa o tempo todos na futuras eleições, sobretudo porque o futuro de Ricardo e Norma depende dele também.  Esse, a rigor, é o raciocínio do político 24 horas por dia.

Claro que, partindo dessas linhas tracejadas, aparece, a todo momento, o futuro de cada um. E não são poucos.  Todo mundo sabe, porque ele mesmo diz, que o deputado Bruno Rezende ambiciona ser deputado federal. Ele errou lá atrás, pois achou que a candidata a federal seria Norma, passou a apoiar Diego.  Erro estratégico primário. Porque ali ninguém sabe- quem-trai- quem.

Aliás, esse tabuleiro político ao mesmo tempo que anima políticos, traz grandes tensões. Pergunto: como se comportará o governador Renato Casagrande em relação a Victor? Onde entra Ricardo nesse xadrez? 

Administrar a cidade, por vezes, fica até mais fácil que conciliar interesses políticos. Mas podem ter certeza que o dedo de Ricardo estará o tempo todo orientando Ferraço, sobretudo porque, além de mais jovem, vem se aprimorando numa administração moderna. Ninguém mais do que ele sonha ardentemente para que tudo dê certo em Cachoeiro...