As parábolas das eleições municipais

Cada pré-candidato procura estabelecer esse equilíbrio quase matemático das situações eleitorais, com a leitura que a experiência de vida pública lhes ensinou. Ou não...

20/06/2024 09:01
As parábolas das eleições municipais /Foto: Divulgação

Tenho assistido, com ansiedade natural, aos efeitos dos vários encontros entre os pré-candidatos a prefeito. Cada um, por certo, querendo mostrar prestígio eleitoral. As redes sociais viraram a grande fonte de informação.  Não se descobriu, por enquanto, quem será o ou a vice da pré-candidata Lorena Vasques. Ferraço, ao que tudo indica, já convenceu o vereador Juninho, que estava relutante até dias atrás. Um pouco de charme pré-eleitoral? ...

Os demais pré-candidatos, mantendo uma espécie de, digamos, suspense.    Pelo menos é o que procuram demonstrar, também nas redes sociais. Cada um procura estabelecer esse equilíbrio quase matemático das situações eleitorais, com a leitura que a experiência de vida pública lhes ensinou. Ou não...

Alcemos um outro semi-voo. Um dado que não tem nada de singular, mas pode abrir o palco para conjecturas eleitorais.  Por exemplo, foi o que aconteceu dias atrás em relação ao projeto do aborto, em trâmite na Câmara Federal: a bancada evangélica recuou e adiou a votação do referido projeto para depois das eleições. Tudo isso em razão dos protestos e forte reação contrária nas redes.  Essa discussão, agora, atingiria contundentemente as eleições?

O autor do texto, deputado Sóstenes Cavalcante (PL), admite uma mudança de estratégia, afirmando que a análise no plenário pode ser deixada para depois da eleições municipais. Claro que a reação é igual a voto. Tal reação, na ausência de outras, claro, serve como parâmetro para auscultar a opinião pública.  Os candidatos são a favor do projeto, saído, evidentemente, do ventre da extrema direita? Isso quer dizer alguma coisa para o eleitorado cachoeirense ou para as eleições municipais? Como se posicionam os atuais pré-candidatos?  O fato interfere no voto? Cada fato que acontece é avaliado.  Agora, por exemplo, a Festa de Cachoeiro é um manancial de votos...

Aliás, diga-se, não é uma eleição fácil dentro desse quadro. Há uma série de circunstâncias que interferem na condução da campanha, mesmo sendo ela municipal.  Esses fatores justificam a demora de os pré-candidatos escolherem seu futuros vices. Cachoeiro, por exemplo, como consequência da última eleição, vem demonstrando, ao contrário do que aconteceu no passado, ser hoje uma cidade de eleitores conservadores. Continuam?  Ferraço, por exemplo, acredita no poder do reacionarismo dos empresários do mármore e do granito. Mas, a bem da verdade, não tem um prefeito de esquerda para contrapor com os adversários e daí tirar votos. O máximo que o prefeito Victor permite é ser filiado ao PSB.

Quero dizer, com isso, que não será uma eleição ideológica, o que complica para Casteglione. Mas, ao mesmo tempo, tem a seu lado o presidente da República e seu PT.  Desse mesmo modo, já ganhou eleição de Ferraço. Tudo mudou?  Esta é a pergunta que, aparentemente, passa pela cabeça dos estrategistas.  Ferraço, por exemplo, mostra que acredita nisso, pois colocou de seu lado um pré-candidato bolsonarista e que professa, flagrantemente, uma ideologia de extrema direita, calcado em ideais conservadores. Além do poder econômico.

Ocorre, no entanto, que eles se confrontam com um governador do PSB, partido que abriga candidatos menos conservadores, com ideais progressistas.  E um governador que tem prestígio com o eleitorado e possui ambições político-eleitorais futuras. Como fazer? Ricardo encontrou uma saída. Foi para o MDB. Casagrande apoia Lorena e o prefeito Victor.  Isso é só a ponta iceberg ... Durma com um barulho desse...