Poema feito para dizer o amor
27/04/2017 00:00
Ela o esperava como todos os dias.
Acreditava que voltaria com a esperança saltando aos olhos e o coração em forma de sorriso.
As marés vieram, o Sol nasceu e se pôs,
a lua se colocou e tirou, imersa às estrelas.
Os homens noticiaram o começo e o porvir de tantas coisas; coincidências e revelações. As mulheres se condoeram com os maus dizeres e as verdades arrastadas. As meninas inventaram seu nome e decidiram qual seria seu melhor amor. A violência e a paz desmistificaram suas origens. Os discursos foram propagados e indecifrados. E Ela o esperou. Enegreceu o afeto. Afastou-se da margem. Inundou os olhos.
Elaborou velhos planos e casos. E ele não voltou. Não bateu na porta e nem lamentou. Não decidiu viver em sobressaltos. Nem quis revigorar o gozo. Ele manteve-se na planície, sem maremotos e curvas, sem avessos e acasos. Ela estava submersa em lembranças e toda sorte de desamor. Ela manteve-se no escuso dos dias, nos subterrâneos e subterfúgios dos indulgentes, na balbúrdia configurada dos cenários. E os cheiros esquecidos misturaram-se à poeira, ao vento que invadira a janela. E não mais cabia o outro. E, por ausência, houve o vazio, e, por espaço, houve a falta.
E não havendo ele, existiu, apenas, Ela.
Simone Lacerda é professora.
cheirosensaiosepoesia.blogspot.com.br