Setembro

A diferença entre o conto e a crônica

29/08/2023 13:17
Setembro /Foto: Reprodução/Web

O conto difere da crônica pelo fato de contarmos algo mais minucioso e de uma aparente maior complexidade. Embora um texto curto, seus personagens e pessoas descritas parecem prolongar-se dentro da nossa alma - nos mais profundos sentimentos; nos mais longínquos estertores. No conto seus personagens vivem em nosso passado e se aventuram no futuro, de maneira que o presente seja modificado. O texto nos modifica, apresenta um novo mundo, transformam ideias, e alternamos alegrias e tristezas. Em frente a um conto nunca ficamos indiferentes. É o meu gênero literário preferido. A crônica permanece fiel aos fatos, preocupa-se com as coisas presentes, apesar de buscarmos a todo o momento as nossas reminiscências, o presente se mistura às coisas vividas... A crônica não se preocupa com o futuro. Recusa a ficção. Na crônica nos expomos e nos apresentamos como realmente somos. Surpreendemos leitores e aqueles com quem convivemos. A crônica nos desnuda e aparecem coisas de nós mesmos a todo instante, é um retrato da realidade, mesmo que fantasiada. Afinal somos atores em nossas próprias vidas.

Na crônica vivemos em detalhes os meses dos anos. Vamos nos metamorfoseando-se. Alteramos escritos, pensamentos, ideias... As estações do ano permitem isso. Mesmo quando envolvidos nos afazeres do dia a dia. Na crônica, sentimos frio e calor; vivemos no sol e chuva; enxergamos as pequenas diferenças. Em nossa região em breve florescerá o Flamboyant e a Acácia: um colorido aparecerá. Setembro se aproxima. Estação marcante em nossas vidas. Aproxima-se o fim do inverno; inicia-se a primavera. Nela, em Cachoeiro, o dia começa mais cedo, a claridade dos raios solares e o vermelhão do nascer do dia, ilumina o Itabira e o Frade e a Freira. Bem cedo, mostra com nitidez as pedras e os morros da nossa cidade. Neste mês de setembro, próximo à Praça dos Macacos e junto a Avenida Francisco Lacerda de Aguiar, observo a Castanheira. As suas folhas amarelas, alaranjadas e até vermelhas, esparramam-se pelo chão. Neste ano, ficarei atento às folhas que preenchem a rua e observarei os troncos de árvores quase vazia de folhas e frutos. Nos seus troncos lisos e secos verei as flores lindas que virão. Terei a melhor visão de uma manhã cachoeirense.

Acho que, o que vejo, se deve ao mês (setembro); quem sabe seja a estação que se aproxima (primavera); ou, quem sabe? Seja eu mesmo. Mesmo sem a razão aparente da beleza da Castanheira e de suas folhas de cores diferentes, ainda assim, elas foram suficientes para animar os dias e o início do mês de setembro, em Cachoeiro. A árvore, em uma forma diferente, neste ano, modifica a realidade e o presente, não necessito de um conto ou fantasias. Basta uma crônica, e relato, das coisas que vejo no dia a dia cachoeirense.