Ruídos

Saúde: Algo difícil de definir, e com o passar dos anos, mantê-la em sua plenitude.

28/03/2023 09:40
Ruídos /Foto: Márcia Leal/PMCI

Em Cachoeiro, gosto de caminhar domingo de manhã, em dias ensolarados, na beira do rio Itapemirim. Vou em direção à Ilha da Luz. Encontro, em final de Avenida, com a grande árvore. Descanso à sombra da Samarina. Já contei: sua irmã gêmea fica na Praça dos Macacos, no Bairro Gilberto Machado. Lá, encontra-se bem cuidada, apesar de um tronco caído por conta de fortes ventos do passado. Na última caminhada, lembrei da efeméride: Dia Nacional da Saúde. Saúde! Algo difícil de definir, e com o passar dos anos, mantê-la em sua plenitude. Mesmo que a Organização Mundial da Saúde tente mostrá-la em palavras e a Constituição brasileira tente garantir: Um completo bem-estar físico, mental e social, e na atualidade, acrescenta-se o bem-estar espiritual e a sexualidade. Pela complexidade, necessita de ações individuais e coletivas. Na sociedade, respeitar a opção sexual é uma forma de diminuir sofrimentos. Nos transtornos físicos, na doença aparente, as dores podem ser aliviadas. Nos transtornos psíquicos... Uma coletividade saudável diminui preconceitos e as dores psíquicas. Assim, a felicidade deixa de ser aparente e torna-se verdadeira. Na prática, todos nós, relacionamos saúde com ausência da doença física, principalmente a dor corporal.  O que importa é que não exista dor, não nos atrapalhe caminhar, comer, dormir e respirar (usamos o principio primeiro do ser humano ? espírito da sobrevivência corporal). É possível, apesar da doença física, encontrar a aparência feliz. A saúde é algo tão complexo que só a obteríamos, completamente, quando em plena felicidade. Algo que deveria constar em nossa Constituição. Pois, envolvem aspectos econômicos, moradia, trabalho, lazer, conhecimento, arte, cultura... Chego a pensar em utopia. Um belo sonho. Na verdade, a saúde não está apenas no corpo, encontra-se, também, em nossos pensamentos, nos devaneios... Encontra-se nas coisas que fogem do corpo humano, as coisas que satisfazem a visão, audição, paladar, tato e olfato. Isto é, coisas que preenchem nossos sentidos.

Na beira do rio Itapemirim, percebi agressões aos nossos sentidos e agravos para a nossa saúde. As placas imensas que agridem nossa visão ainda permanecem. As menores, pelas ruas, foram retiradas. Diminuiu a poluição visual, é verdade. Mas, em todas as cidades, Brasil afora, as pessoas se desfazem das suas coisas usadas, o lixo, pelas vias públicas. Falta: local adequado para despejo dos resíduos. E, mais, punição aos mal-educados, temos uma cultura de porcalhões. Ao lado do Itapemirim percebi coisas ruins de nossa cidade, algo das cidades brasileiras: mazelas sociais em pleno dia com piora anunciada para fim de tarde e madrugada. De repente, ouvi um ruído diferente, o som das águas do rio de encontro às pedras, estava próximo à Ilha. Um som inebriante, tanto quanto os ruídos das ondas do mar. Mas era diferente, lembrava os ruídos descritos pelo poeta das lavadeiras do Itapemirim. E foi assim, após momentos tristes com as mazelas sociais, nos ruídos do rio, e na lembrança do velho poeta, recuperei a alegria de um domingo ensolarado em Cachoeiro.