Rua Bernardo Horta

O nome da rua como uma aula de história. Para os Cachoeirenses nunca é demais falar de um grande homem

16/07/2024 08:07
Rua Bernardo Horta /Foto: Google Maps

Em Cachoeiro e Brasil afora não valorizamos nome de ruas. Raramente conhecemos a história de quem a nomeia. Muitas vezes o nome que damos a rua não é a que oficialmente se encontra no registro da prefeitura. Sempre nos localizamos pela referência: rua dos bancos; rua do shopping...  Deveria ser diferente. O nome da rua como uma aula de história. Para os Cachoeirenses nunca é demais falar de um grande homem. Mais ainda quando se passaram 150 anos do seu aparecimento na terra e mais de 100 anos da sua morte. A lembrança e homenagens prestadas por seus serviços à cidade, Estado e ao país é a certeza da imortalidade. Por ele nos lembramos das palavras e versos dos sermões do Padre Vieira, de quatrocentos anos atrás: Bernardo Horta não contou seus anos de vida, ele não contou seus cinquenta e um anos de existência, ele viveu e morreu intensamente, em intensa paixão e dedicação. O resgate de sua memória deve-se ao empenho de muitos cachoeirenses: Higner Mansur, Maria Elvira, Professor Adilson, Evandro Moreira, Newton Braga... Todos que ao conhecerem a história desse republicano, e inovador, se deixaram contaminar por suas idéias éticas e correção política. Contaminaram-se e nos contaminaram. Uma doença cerebral transmissível, doença da imaginação e da alma, nada afetando o físico. Um vírus que cura nossa cegueira moderna e coletiva. Cura nosso pragmatismo, nosso corporativismo. Um vírus que leva ao altruísmo. Leva a pensar no bem estar da sociedade e na coisa pública. Fiquei pensando se a homenagem prestada, de longa data, ao Bernardo Horta Araújo, seria ou não pequena. No início, pensei sim. Resume-se ao nome de uma rua em Cachoeiro de Itapemirim. Ele que foi Deputado Federal, instalou a Ilha da Luz e a energia elétrica em nossa cidade, a primeira do Espírito Santo, ele que discutia e apresentava idéias para a economia de Cachoeiro e do restante do país.

Anos atrás, no Centro Operário de Proteção Mútua, a Loja Maçônica Fraternidade e Luz e Higner Mansur apresentaram o acervo da biblioteca maçônica. Higner descreveu a importância de Bernardo Horta para a cidade cachoeirense e todo nosso estado. Com as palavras do Mansur despertei para as ruas e avenidas da nossa cidade. Estava na Rua 25 de março, marco da nossa emancipação política, ainda na monarquia do Imperador Pedro II, muitos anos antes da República. Com a República, as ruas de Cachoeiro tomaram os nomes dos seus cidadãos: Bernardo Horta, Samuel Levy, Capitão Deslandes, Pedro Dias, Raulino de Oliveira, Lacerda de Aguiar, Abelardo Machado... Ao término das homenagens ao Bernardo Horta, fiquei com a impressão de um vazio e um desejo imenso de conhecer a história desses homens. Nos dias seguintes, ao observar melhor nossas ruas, conclui que: faltava uma sinalização adequada, o registro adequado dos nomes das ruas e placas com pequena história de cada um desses cachoeirenses ilustres. No último fim de semana caminhei pelo Guandu, uma referência para o local das compras da segunda-feira, nem uma placa com o nome Bernardo Horta.  Assim sendo, continuamos ignorando nossa história.