Magrelas

Fiquei sem carro por uma semana

23/04/2019 08:51
Magrelas

Fiquei sem carro por uma semana. Um acidente. Descuido de segundos, fruto do cansaço mental, falta de concentração, algo que não deve ser permitido ao motorista. Se o descuido e desconcentração existem sem uma razão aparente, podemos imaginar após uma noite mal dormida, uso de álcool, outras drogas ou uma velocidade maior que a permitida. Não é preciso imaginar. Temos certeza que acidentes acontecerão. A prevenção deve ser ensinada pelas autoridades e responsabilidade de cada cidadão. É o que se pede para um país e mundo que têm o carro como meio de transporte e símbolo de poder. Com isso em mente, resolvi não usar carro de reserva do seguro. Experimentei as ruas de Cachoeiro.

Algo de novo acontece nas cidades, Europa mais ainda: o carro deixou de ser a referência na mobilidade urbana. Deixou de ser sinal de poder ou de glamour. O bacana, o diferente e moderno é usar a magrela, a famosa bicicleta dos nossos tempos de criança. Cidades como Amsterdã, Paris e Berlim priorizam as ciclovias, facilitam a vida e incentivam crianças. E o Brasil? Estamos na contramão! Incentivamos venda de carros. Damos incentivos às indústrias automobilísticas. Produzem carros para o mercado interno, ruas lotadas de veículos. Exportamos pouco, importamos muitos. Com estradas e ruas mal conservadas, nos acidentamos mais, possuímos índices absurdos de sequelas físicas. Carros mais velozes e uso de álcool e outras drogas em demasia. Carros produzidos sem os itens de segurança adequados, americanos e europeus não aceitam, mas servem para os brasileiros. Em Cachoeiro? Nada diferente do resto do país. Mas não precisamos esperar que o Brasil mude, podemos alterar comportamento e postura. Pensei nisso e resolvi experimentar. É verdade que os dias estavam propícios, o clima estava ameno e convidativo para as caminhadas de casa para o trabalho e outros locais do centro da cidade. Enquanto caminhava pela beira do rio Itapemirim, e observava os transeuntes, pensava...

Pensei nas notícias do mundo, Europa em especial. Possuem ciclovias, incentivam o ciclismo. Na América do Sul: Buenos Aires. Na Alemanha, a venda de carros diminuiu, não por problemas econômicos e sim, pela opção. A indústria automobilística reage com o marketing. Algo semelhante à luta contra o tabaco (acidentes de carros e uso de cigarro são problemas de saúde pública). Enquanto caminhava, vi a dificuldade de ciclistas, disputando espaços com os carros nas ruas de Cachoeiro de Itapemirim. Caminhava com dificuldade pelas calçadas irregulares. Vi trabalhadores chegando ao trabalho, a pé ou de bicicletas. O caminho para a mobilidade humana parece ser a dificultação da chegada, circulação e estacionamento de carros no centro da cidade. Facilitação da passagem de bicicletas e pessoas pelas ruas da cidade. Proteção para sol e chuva para os que desejam caminhar. Transporte coletivo para as distâncias maiores. Algo utópico? Talvez. Pior é o nosso marasmo, setor público e sociedade, nem sequer discutimos o assunto.

 

Sergio Damião Sant´Anna Moraes

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