Flamengo: minha paixão!

No último final de semana voltei a me emocionar

15/02/2022 11:37
Flamengo: minha paixão! /Foto: Divulgação/Fla Resenha

Um sentimento, pelo futebol, adormecido nos últimos meses. Tanto que, já não lembrava da alegria de uma partida de futebol. Foi no final de tarde, da tarde de domingo, dia e hora em que a saudade e melancolia nos apresentam sua face mais perversa. Momentos de lembranças dos que já se foram, das dificuldades a serem enfrentadas e das coisas que deixamos de fazer. Mas o futebol nos permite esquecer e dormir com a alma rejuvenescida. Foi o que aconteceu. Era tarde de Fla x Flu no Engenhão. E o Flamengo virou espetacularmente um jogo praticamente perdido. Das paixões fica a recordação de infância. O mais velho dizia: se existe uma partida de futebol, deixo o amor para depois. Bem... Não foi o que aconteceu no jogo de futebol. Relatei o sonho, de domingo à noite, logo após a peleja.

Mesmo admirando todo bairrismo do confrade cachoeirense Wilson Marcio Depes, revelado em seus livros de Fotocrônicas, livros que permitem conhecer toda sua inteligência e bom gosto; mesmo apaixonado pela moqueca capixaba, que dependendo do tempero e de quem cozinha dispensa a panela de barro, o que não diminui minha admiração pelas Paneleiras de Goiabeiras; apesar de adorar a torta capixaba e saber que nossos colibris são os mais bonitos. Ainda assim, no futebol, entre todos do mundo, o futebol carioca é o mais emocionante. Mais ainda quando o Flamengo está presente. Somos uma Nação de flamenguistas apaixonados. O Flamengo é tão impressionante que em pesquisa, DataFolha, realizada nas comemorações dos 450 anos de fundação da cidade de São Paulo, o Clube de Regatas do Flamengo, do Rio de Janeiro, obteve 2% da preferência dos paulistanos. Entre os principais clubes, o Corinthians é o primeiro e o Santos, o último, com 6%. Como a margem de erro é de 2% para mais ou para menos, o Flamengo poderia estar empatado com o "peixe" na preferência daqueles que moram na capital paulista. Dos personagens do Wilson Marcio, Geraldo Babão concordaria comigo. Em uma tarde de domingo ele faria o que me deu vontade, pelas ruas de Cachoeiro gritaria: Mengo... Mengo... Mengo. Mas me contentei com os versos de Manuel Bandeira: "A noite / O dormir é como ponte / Que leva de hoje a amanhã: / Por debaixo, como um sonho, / A água passa, e passa a alma". Com a alma passada voltei às Fotocrônicas, a leveza do papel e a beleza das fotos foram desfraldando o restante dos personagens cachoeirenses do Wilson Marcio. Não esquecerei Pedro (pedreiro) Reis, um dos mais dignos que conheci em minha chegada a cidade de Cachoeiro; do Alcenir, nosso Pelé, o qual não conheci; e a lenda do Frade e a Freira.

Mas não pude conter a emoção ao reler o livro Flamengo é puro amor, de José Lins do Rego, nosso grande romancista e primeiro cronista esportivo, bem antes de Nelson Rodrigues. Livro que recebi do Higner Mansur (um tricolor carioca). Em crônica de 1946, Jose Lins, do Fla x Flu nos conta: "Restaram os dois grandes de sempre. O aristocrático das Laranjeiras, com o luxo das suas rendas de fidalgo, e o rude, o desmedido, o sem medo, o impávido, quase que louco, o generoso e bom Flamengo, o c1ube de todo o Brasil." No domingo, à noite, embora triste com a derrota do flamengo, sonhei com as glórias futuras.